domingo, 9 de novembro de 2014

Escolas públicas de Petrópolis, RJ, ganham bibliotecas comunitárias

Duas unidades foram contempladas com o projeto “Vamos Todos Ler”. Iniciativa foi através da parceria entre Instituto Oldemburg e Prefeitura.

Do G1 Região Serrana
Escolas públicas de Petrópolis ganham bibliotecas comunitárias (Foto: Divulgação/Ascom PMP)A inauguração foi nesta sexta com a presença do
prefeito Rubens Bomtempo e da diretora executiva
do instituto, Cristina Oldemburg (Foto: Divulgação/
Ascom PMP)
Duas escolas da rede municipal de ensino de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, foram contempladas com 'Salas de Leitura', com mil livros para cada unidade, destinada a toda comunidade. A inauguração dos espaços foi nesta sexta-feira (7). A iniciativa foi através de uma parceria entre a Prefeitura e o Instituto Oldemburg de Desenvolvimento, que disponibilizou o acervo, que abrange diversas faixas etárias e áreas de interesse, como Literatura Brasileira, Estrangeira e Infantojuvenil; além de Ciências Sociais, História, Desenvolvimento Pessoal, Artes, Filosofia e Esporte. As obras chegaram à cidade por meio do projeto “Vamos Todos Ler”, com o qual o instituto trabalha ações de estímulo à leitura.

As salas contam com acessibilidade e a proposta é que fiquem abertas em horário especial para atender a população. Os livros foram disponibilizados nas escolas municipais Lúcia de Almeida Braga, no Vale do Carangola, e Pedro Amado, no Meio da Serra. A escolha das unidades de ensino foi feita pela própria instituição, que promove essa iniciativa em diversos municípios. A intenção, além de incentivar a leitura, é, também, promover a integração entre escola e comunidade. Para atender melhor o público, as diretoras das escolas envolvidas no projeto, bibliotecários e representantes das comunidades, que atuarão como voluntários nas Salas de Leitura, foram capacitados, conforme prevê o trabalho da Secretaria de Educação. Os espaços também foram montados pela secretaria.

“As salas de leitura aproximam e fazem com que todos possam estar mais próximos das realidades. Essa é a concretização de um sonho de todos. A educação é a saída e o segredo para conseguirmos um país melhor”, disse o prefeito Rubens Bomtempo ao lado da secretária Chefe de Gabinete, Luciane Bomtempo.
Antônio Torres participa da inauguração das bibliotecas comunitáris em escolas de Petrópolis (Foto: Divulgação/Ascom PMP)Antônio Torres autografou livros doados aos
espaços (Foto: Divulgação/Ascom PMP)
O imortal Antônio Torres participou das inaugurações e autografou os livros entregues aos alunos das escolas que receberam o projeto.

“Iniciativas como esta são gratificantes, pois a leitura começa na escola. A leitura é uma viagem sem fim nas nossas mentes. Sem ela não há futuro”, destacou.

Durante as solenidades, os alunos prestaram homenagens ao escritor com a leitura de poema, apresentação musical e exposição com pinturas, esculturas e caricaturas que retrataram a vida e a obra do escritor.

“Só temos a agradecer a Prefeitura e ao Instituto Oldemburg por lembrarem da nossa escola e da nossa comunidade”, disse a diretora da escola Pedro Amado, Clarinda Reis. Já a diretora da escola Lúcia de Almeida Braga, Silvia Barros destacou que o espaço estará aberto à comunidade. “Tenho certeza que essa iniciativa irá marcar um novo tempo da vida cultural da nossa comunidade”.

Para aproximar o público da literatura brasileira, as salas de leitura homenageiam autores nacionais, tais como Dias Gomes, Graciliano Ramos e Rubem Braga, cujas obras estão presentes no acervo, e padrinhos como Antônio Torres, Guilherme Fiuza, Nélida Piñon, Augusto Boal, Heloisa Seixas, entre outros.

O projeto do Instituto Oldemburg de Desenvolvimento abrange todo o Brasil e as salas de leitura instaladas nas unidades de ensino de Petrópolis, foram, respectivamente, as de número 800 e 801.

“Esperamos ver estes espaços repletos de alunos e que estes tragam sua família e a comunidade para dentro da escola”, ressaltou Cristina Oldemburg, 
Fonte: www.g1.globo.com em 08.11.2014

sábado, 8 de novembro de 2014

Digitalizar colecções cria emprego e dá nova vida aos museus e bibliotecas

No momento em que o Parlamento acolhe os Dias da Memória, a responsável máxima pela Europeana, Jill Cousins, explica o que é esta gigantesca biblioteca digital, que quer tornar acessível e utilizável toda a herança cultural europeia. Até ao momento, já colocou online digitalizações autenticadas de mais de 32 milhões de peças.
O projecto Europeana 1914-1918, com o qual o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa colabora, designadamente organizando os Dias da Memória que na sexta-feira se iniciam no Parlamento, é apenas uma das muitas iniciativas da Europeana, uma gigantesca biblioteca digital europeia lançada há cinco anos para concentrar e disponibilizar, em formato digital, toda a herança cultural partilhada ao longo dos séculos pelos países e povos da Europa, das mais famosas pinturas do Louvre a um livro de canções escrito por um soldado francês nas trincheiras da I Guerra e conservado pela sua família. Só de Portugal, a Europeana já recebeu digitalizações de quase 250 mil objectos. E espera que campanhas como esta, em torno da I Guerra, ajudem a dar visibilidade ao projecto e contribuam para aumentar as contribuições dos museus, bibliotecas, arquivos e outras instituições portuguesas.
Em poucas palavras, o que é a Europeana e quais são os principais objectivos do programa?
A Europeana quer transformar o mundo através da cultura. Criámos uma plataforma digital para a nossa herança cultural europeia, que reúne o património dos grandes museus, das colecções audiovisuais, dos arquivos e bibliotecas, e que educadores, investigadores ou programadores, mas também o público em geral, podem usar e partilhar gratuitamente. Através da Europeana, e graças ao trabalho de três mil instituições culturais, temos agora mais de 32 milhões de objectos disponíveis num só lugar, onde as pessoas os podem pesquisar, ou reutilizá-los noutros sites e aplicações.
Pode categorizar, com alguns exemplos concretos, os diferentes tipos de objectos que estão a ser digitalizados? 
Temos digitalizações autenticadas de pinturas, fotografias, livros e vídeos, enviadas por três mil bibliotecas, museus, galerias e arquivos. De Portugal, por exemplo, dispomos neste momento de 234.859 itens, que incluem uma representação significativa das colecções de algumas das mais importantes instituições portuguesas de salvaguarda da herança cultural. Do Museu Nacional dos Coches incluímos recentemente 48 imagens dos belíssimos coches ali conservados. Temos também, por exemplo, 68 objectos do Museu Nacional do Azulejo – gosto particularmente dos painéis de azulejos com vistas de Lisboa antes do terramoto –, que foram entretanto integradas nosite museums.eu, o que constitui um excelente exemplo do modo como o conteúdo da Europeana pode ser reutilizado.
Mas os conteúdos vindos de Portugal não se limitam ao domínio museológico. Recebemos 172 peças do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade Nova de Lisboa, sobretudo digitalizações de objectos, fotografias e documentos relacionados com a presença portuguesa na I Guerra, um conjunto que tenderá a expandir-se porque o IHC é nosso parceiro nos Dias da Memória organizados no âmbito do Europeana 1914-1918. Das colecções digitais da Biblioteca Nacional temos mais de 12 mil textos e imagens, incluindo manuscritos, livros raros e mapas. E, no domínio dos arquivos audiovisuais, temos 453 peças da Cinemateca.
Há uma estimativa do número de peças que deveriam ser digitalizadas e reunidas para o programa cumprir plenamente a sua missão? E caso esse objectivo ideal tenha sido calculado, quão longe está a Europeana de o atingir?
Nos cinco anos desde que o programa foi lançado, já disponibilizámos no site Europeana.eu digitalizações de mais de 32 milhões de peças da nossa herança cultural, o que é um feito considerável, mas que representa apenas 12% de todo o material já digitalizado nos diversos países europeus, que, por sua vez, corresponde a apenas 10% de tudo o que seria pertinente digitalizar.
Temos um longo caminho a percorrer. Os obstáculos prendem-se sobretudo com questões de direitos de autor, mas há outros, como a necessidade de garantir a interoperacionalidade e a uniformização das colecções digitais. Esta é de facto a razão subjacente para a importância da Europeana: conseguir que o material digital atravesse as fronteiras, para que possamos dispor da nossa herança europeia do mesmo modo que usufruímos do nosso património nacional.
Esforçamo-nos para dar às pessoas conteúdo de alta qualidade, com informações claras relativas a direitos, de modo que saibam como podem dispor dele ou reutilizá-lo de forma criativa e inovadora.
Quais são as principais vantagens de ter todo esse património cultural europeu virtualmente reunido num só lugar?
Vermos a herança cultural que partilhamos e, mais importante ainda, pô-la a funcionar como um todo, de modo a que um investigador possa chegar rapidamente a tudo o que se relacione com Vasco da Gama – mapas, documentos, retratos –, ou com Amália Rodrigues, ou com as pinturas de Nuno Gonçalves, que estão dispersas por toda a Europa, em diferentes instituições e colecções, sabendo que está a lidar com documentos autenticados.
Diria que a prioridade é garantir que a Europeana reúna o máximo de informação possível, ou o programa deveria focar-se mais em organizar e disponibilizar o material que já tem?
Ambas as coisas são necessárias. Mas é preciso perceber que aquilo que há cinco anos era utilizável, já não o é para os tablets e outros equipamentos actuais, de modo que uma função central da Europeana é criar nas instituições dos diferentes países a consciência de que é necessário garantir a qualidade das digitalizações.
Colocar na Internet uma enorme quantidade de dados e, ao mesmo tempo, garantir que um investigador encontra facilmente o que procura, seja a reprodução de um retábulo medieval ou a imagem de um cantil usado por um soldado português nas trincheiras da I Guerra, deve levantar desafios técnicos complexos.
Tem razão em achar que o processo é complexo. Desenvolvemos internamente modos de melhorar os padrões de meta-dados para que a procura se torne mais fácil e criamos novos sistemas em nuvem para organizar e divulgar o material digital. Este nível de complexidade, e a impossibilidade de apresentar conteúdos de modo a que satisfaçam simultaneamente uma criança de escola e um investigador, é uma das razões principais para a Europeana estar a migrar de um portal para uma plataforma. Um lugar onde outros possam construir.
Para mantermos o nosso sucesso, temos de reconsiderar o objectivo inicial de criar um museu, biblioteca e arquivo da Europa com um só acesso. Continuamos a achar que é uma boa ideia, mas a tecnologia permite-nos fazer muito mais e teremos de nos esforçar por satisfazer as expectativas dos utilizadores.
As pessoas querem reutilizar este material, brincar com ele, interagir com outros utilizadores e participar na criação de algo novo. Para o permitir, teremos de começar a comportar-nos como uma plataforma: um lugar não apenas para se visitar, mas onde se pode brincar e construir. Dar a conhecer o que pode encontrar-se na Europeana continua também a ser importante e estamos a experimentar um novo modo de apresentação através de canais. O Europeana 1914-1918 é um bom exemplo de um desses canais.
Todo o material disponível na Europeana é de uso livre? Se um investigador quiser, por exemplo, usar algumas imagens num livro ou num artigo online, pode fazê-lo citando apenas a origem, ou há restrições? 
A generalidade do material sobre a I Guerra está sujeito a algum tipo de licença Creative Common e pode, com atribuição de autoria, ser facilmente usado por investigadores e jornalistas. E trabalhamos para garantir que a maioria do material que agregamos inclua uma correcta informação sobre os respectivos direitos de utilização. Além do botão “posso usar?”, o utilizador dispõe da possibilidade de excluir imagens de uso restrito ou pedir uma autorização expressa à instituição que as enviou.
Acreditamos que há muito a ganhar, nos planos económico e social, em abrir a nossa herança cultural. Mas também defendemos que o criador deve ser recompensado, de modo que somos muito cuidadosos no respeito pelos direitos de autor.
A crise económica e financeira está a ter algum impacto negativo no programa? Penso não só nos fundos europeus disponíveis, mas também nos níveis de contribuição das instituições sediadas em países mais afectados pela crise, como Portugal. 
É inevitável que um projecto com esta dimensão acuse o impacto desses factores externos, mas o forte empenho das instituições culturais tem-nos permitido aumentar as nossas colecções. Em 2011 tínhamos 19,5 milhões de itens, hoje temos mais de 32 milhões. Digitalizar também tem a vantagem de criar emprego e de dotar as pessoas de novas competências.
Vários países usaram os fundos estruturais para digitalizar o seu património cultural, em detrimento da construção ou renovação de estradas e outras infra-estruturas físicas. Em Portugal, como noutros países, os museus podem enfrentar desafios financeiros, mas reconhecem as vantagens de que os seus tesouros sejam vistos e usados por mais pessoas. Nestes últimos anos, os conteúdos enviados pelos nossos parceiros portugueses quase dobraram.
Um dos programas lançados pela Europeana é dedicado a lembrar a I Guerra no ano do seu centenário: o Europeana 1914-1918. Até ao momento, os resultados deste projecto estão a corresponder às expectativas?
Sim! O que o Europeana 1914-1918 tem de melhor é que liga o indivíduo ao seu lugar na Europa e a sua história pessoal à do Estado. O programa cruza meio milhão de documentos raros, únicos, inéditos, digitalizados por instituições de mais de 20 países, com a memorabilia pessoal e as histórias familiares. Começámos a reunir histórias pessoais na Alemanha, há três anos, e no final de 2014 teremos estado em 22 países. Até agora, coligimos 150 mil histórias. Graças à Biblioteca Nacional portuguesa, nosso parceiro de longa data, e ao enorme empenho da professora Fernanda Rollo, do Instituto de História Contemporânea, que organiza os Dias da Memória no Parlamento português, esperamos agora grandes coisas de Portugal.
No âmbito do Europeana 1914-1918, parece ter havido um grande investimento nestes Collection Day (Dias da Memória, em Portugal). São uma componente importante do projecto?
São iniciativas que realmente ligam as nossas histórias pessoais às narrativas oficiais do período. E como estes relatos vêm de pessoas que correram mundo, não se movem apenas no interior das versões nacionais da verdade. Para citar um desses testemunhos, deixado pelo soldado Léon Verneau e recolhido num Collection Day organizado em França: “Vi povos estrangeiros, países e continentes, e tudo isto graças à guerra”. Apesar de ter sido gravemente ferido em Verdun, escreveu um livro de canções, que ilustrou com desenhos.
Através dos Collection Day, familiares e amigos que herdaram essas recordações têm a oportunidade de partilhar peças históricas que doutro modo estariam nalgum sótão a ganhar pó. Através da digitalização, podem preservar para as futuras gerações esses registos de um período decisivo da história europeia.
Está satisfeita com o material relativo à I Guerra já recolhido e digitalizado em Portugal? E parece-lhe que a informação respeitante à frente africana, nas então colónias de Moçambique e Angola, poderá ser especialmente interessante, iluminando uma dimensão menos estudada do envolvimento português no conflito?
Precisamos de muito mais material e esperamos que esta campanha ajude. Estamos também a tentar usar alguns programas europeus para financiar as digitalizações. Gostaria de promover Collection Days em Angola, Moçambique e noutros países do mundo que foram envolvidos na guerra, e teria muito prazer em falar com qualquer instituição que esteja disposta a ajudar. O Europeana 1914-1918 deve representar todos os lados e perspectivas do conflito: anti-guerra, pró-guerra, países neutrais e nações beligerantes, as frentes internas e os campos de batalha.
Pensa que as bibliotecas e arquivos tradicionais, ainda que fundamentais para a conservação da nossa herança cultural, tenderão a perder relevância enquanto lugares de investigação? E que projectos como a Europeana servirão mais eficazmente as necessidades das futuras gerações de investigadores?
O que creio é que este projecto mostra a importância de se expor as colecções das bibliotecas e arquivos, religando essas instituições aos cidadãos. Penso que devem digitalizar e mostrar o mais possível as suas colecções, para que os utilizadores actuais e futuros saibam que elas existem e incorporem esse conhecimento que foi sendo construído e autenticado ao longo dos séculos. Sabemos hoje que digitalizar e tornar essas digitalizações disponíveis dá às instituições uma nova vida e novos públicos. E precisamos das competências organizativas e de investigação dessas instituições no mundo online, tal como precisamos delas offline.
O facto de vários países que colaboram com o Europeana 1914-1918 terem estado em lados opostos durante a guerra levantou problemas? Acha que cem anos são uma distância segura e que as coisas poderiam ser diferentes se lançassem, digamos, um Europeana 1939-1945?
É uma questão interessante. Deliberadamente, começámos os Collection Day na Alemanha, em 2010, para medir a temperatura, e a resposta foi tão extraordinária que soubemos que tínhamos de continuar. Como depois foi espantosa a resposta da Irlanda, que enviou os seus soldados para a guerra enquanto heróis britânicos e depois não acolheu bem o seu regresso à República irlandesa pós-levantamento de 1916. Tivemos 700 pessoas num só Collection Day, e oito mil visitaram em Setembro o Trinity College, em Dublin, onde se promoveu outra iniciativa semelhante. As pessoas querem contar as suas histórias. Quanto à II Guerra, tenho pensado em como a abordar… é uma questão sensível e que talvez precise da passagem do tempo.
Notícia corrigida às 14h50: o Instituto de História Contemporânea pertence à Universidade Nova de Lisboa e não à Universidade de Lisboa

Extinto por perder sede, fã-clube de Senna prepara venda de acervo

Na temporada em que a morte de Ayrton Senna completou 20 anos, o principal fã-clube do tricampeão mundial foi extinto. A pedido de Viviane, irmã do piloto, o grupo precisou devolver o imóvel que usava como sede no bairro paulistano de Santana, o que ocasionou o fim da organização.
Admirador do piloto, o advogado Adilson Almeida fundou a Torcida Ayrton Senna (TAS) em 1988. Quatro anos depois, o fã-clube passou a ocupar um imóvel cedido pela família no bairro da Vila Maria. Em 2013, ainda em acordo com os Senna, o grupo mudou para Santana, de onde foi obrigado a sair no último mês de agosto.
"Ficamos extremamente chateados. Não vi razão para isso. Segundo a Viviane, a casa seria ocupada pelo escritório do irmão . Três meses depois, o imóvel continua sem uso. Ainda pedi para ficar até dezembro, mas ela recusou. Estou há 26 anos à frente da TAS e ela me pede para sair em um mês? Foi muito deselegante", disse Adilson, ex-presidente do grupo.
A Torcida Ayrton Senna ainda consta na sessão "fã-clubes" do site oficial dedicado ao tricampeão mundial, com Adilson Almeida como responsável. O grupo criado há 26 anos permanece ativo nas redes sociais, mas na prática está extinto desde que ficou desalojado.
A assessoria de imprensa do Instituto Ayrton Senna, presidido por Viviane, informou que prefere não se manifestar sobre o assunto. A relação entre Adilson Almeida e a irmã do piloto acabou de maneira pouco amistosa.
"O Sr. Milton, pai do Ayrton, disse que poderíamos permanecer no imóvel pelo que tempo que quiséssemos, mas depois de uma certa idade, quem manda são os filhos. Tenho muito respeito pelos pais dele, mas pela Viviane... Acho que está meio perdida. Esse tipo de atitude não contribui em nada para perpetuar a imagem do irmão", disse.
Ao longo de 26 anos, a TAS reuniu um vasto acervo sobre o tricampeão mundial de Fórmula 1. A entidade criada por Adilson Almeida recebia visitantes, especialmente na semana do Grande Prêmio do Brasil, e organizava exposições dedicadas ao piloto - em 2014, o fã-clube realizou uma mostra no Palácio da Justiça.
O acervo da TAS conta com mais de 200 peças que remetem a Ayrton Senna. Além de uma vasta coleção de quadros, há três capacetes usados pelo ídolo, camisetas, óculos e uma jaqueta comemorativa. Com a dissolução do fã-clube, Adilson Almeida se prepara para vender a memorabília.
O advogado ainda não sabe exatamente como comercializar os itens do acervo da antiga TAS. Ele estima o material em R$ 100 mil e espera vender tudo para um mesmo comprador. Outra possibilidade é negociar por lotes através da Internet.
"A casa que aluguei não tem condições de funcionar como sede do fã-clube. Como nunca cobramos mensalidade, simplesmente não contamos com recursos para conseguir um novo local. A situação ficou insustentável e tivemos que extinguir a TAS", lamentou o advogado, com a mesa enfeitada pela clássica escultura que simboliza a Justiça.
Há 20 anos, o tricampeão mundial disputou o Grande Prêmio do Brasil pela última vez. Em Interlagos, os fãs desfraldaram uma enorme bandeira, estampada com o personagem Senninha e a frase "Acelera Ayrton!" acima da sigla "TAS". Neste domingo, magoado com Viviane Senna, o criador da torcida verá a corrida pela televisão.
Fonte: www.espn.com.br em 05.11.2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Única biblioteca em braile do Alto Tietê fica em Poá

Biblioteca em braille de Poá tem mais de 850 livros
(Foto: Julien Pereira/Prefeitura de Poá)
Poá é o único município do Alto Tietê que possui uma biblioteca exclusiva para deficientes visuais. Desde 2010 o município disponibiliza uma biblioteca com publicações 100% em braile. A biblioteca Napes tem um acervo de livros para crianças, jovens e adultos com conteúdo literário e também com livros didáticos de matemática, português e iniciação para informática. Atualmente são mais de 850 títulos.
A biblioteca atende deficientes visuais de todo Alto Tietê. Mogi das Cruzes, Suzano e Ferraz de Vasconcelos não possuem uma biblioteca específica para cegos e deficientes visuais, porém dispõem de algumas obras em braille nas bibliotecas municipais já existentes.


De acordo com o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só na região metropolitana há 81.220 pessoas com deficiência visual. Só em Poá, são 185. Luzia Camargos da Silva é de Itaquaquecetuba e frequenta a biblioteca de Poá desde que a unidade foi inaugurada. Ela, o marido, o filho, de 30 anos, e a neta, de 16, são deficientes visuais desde que nasceram. Ela conta que a família toda gosta da leitura e aprova o benefício.

“A biblioteca é muito boa, está riquíssima em seu acervo. Somos freqüentadores assíduos e testemunhas de que a biblioteca funciona e faz um trabalho essencial à população”, diz ela que antes precisava ir até São Bernardo do Campo para fazer empréstimos de livros em braille. “Tenho certeza que ela veio para facilitar para todos, sobretudo para mim e minha família. A gente precisava ir para longe e fazer um grande sacrifício para fazer uma leitura”, completa.

Biblioteca em braille de Poá (Foto: Julien Pereira/Prefeitura de Poá)
Biblioteca Napes existe desde 2010 e atende toda
região do Alto Tietê
(Foto: Julien Pereira/Prefeitura de Poá)
O acervo conta com obras da literatura infantil, literatura brasileira, auto-ajuda, bíblia, atlas, livros didáticos, além de DVDs – livros digital. A Prefeitura de Poá informou que a ideia da biblioteca em braile surgiu para atender alunos e famílias com deficiência visual já que até então não havia este tipo de serviço para a população.


Outra causa é dar andamento a um trabalho de inclusão que é feito por meio da Secretaria de Educação, setor do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (NAPES).  “É um serviço essencial, que atende todo o Alto Tietê. Temos orgulho em ter uma biblioteca com um acervo em braile, pois a leitura não deve ter barreiras”, disse o secretário de Educação de Poá, Carlos Humberto Martins.

Qualquer pessoa pode fazer o empréstimo dos livros na Biblioteca Napes em Poá. Basta se dirigir à Secretaria Municipal de Educação, portando RG e comprovante de endereço para preenchimento de uma ficha de cadastro. A ficha de inscrição permite a todos utilizarem o serviço de empréstimo de livros sem restrições de quantidades. A biblioteca funciona das 9h às 15h, de segunda-feira a sexta-feira. O endereço é Rua Doutor Luiz Pereira Barreto, nº 662, Vila Julia Poá.

Além da Biblioteca Napes, existem cerca de 20 exemplares em braile na Biblioteca Municipal, localizada no Centro Cultural Casa da Estação.  O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O endereço é Travessa Miguel Saad, s/n, Centro.

Alto Tietê
G1 fez um levantamento nos dez municípios do Alto Tietê. Poá é a única cidade que possui uma biblioteca com um acervo 100% em braille. Algumas bibliotecas da região também possuem acervo adaptado a deficientes visuais e cegos na região do Alto Tietê: Mogi das Cruzes, Suzano e Ferraz de Vasconcelos.

Em Mogi das Cruzes, na Biblioteca Municipal Benedicto Sérvulo de Sant´Anna, há 71 livros e cinco audiobooks. Destes, por exemplo, há livros da série Harry Potter e também da série Para Gostar de Ler. Há ainda, um livro infantil, que presa pela parte plástica. Isto é, não só o texto está em braile. Os desenhos também têm o contorno em alto relevo, para a percepção tática do leitor.

A Biblioteca Municipal ‘Benedicto Sérvulo de Sant´Anna’ está localizada no Centro Histórico do município. O endereço é Rua Coronel Souza Franco n.º 993, Centro.  O atendimento é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h.
Outras cidades da região como Arujá e Itaquaquecetuba informaram ao G1 que não possuem uma biblioteca em braille. Já Guararema, Santa Isabel e Biritiba-Mirim não responderam se têm livros adaptados em braille voltado aos cegos e deficientes visuais.Suzano não possui um espaço específico de leitura para portadores de deficiência visual. Porém, a biblioteca do Centro de Educação e Cultura ‘Francico Carlos Moriconi’ dispõe de acervo em braille, com cerca de 150 exemplares, produzido pelo Instituto Dorina Nowill, que visa facilitar a inclusão da pessoa que possui esse tipo de deficiência por meio de produtos e serviços especializados.



A Biblioteca Municipal de Suzano fica na Rua Benjamin Constant, 682, no Centro. O atendimento é feito de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h.

Já a cidade de Ferraz de Vasconcelos tem cerca de 200 livros em braille na Biblioteca Central José Andere e também nas salas de 22 escolas que contam com o programa Atendimento Educacional Especializado (AEE).

A biblioteca de Ferraz funciona das 8h às 17h e fica na Rua Sudi Menucci, 203, Centro.

Fonte: www.g1.globo.com

Biblioteca ou escola?

Já é sabido que séculos de conhecimento podem ser adquiridos em centenas de páginas viradas. Seja na narrativa particular da literatura, ou na realidade científica das obras didáticas. No entanto, entre estes dois meios, algum leva vantagem na corrida pela busca do conhecimento? Em outras palavras: entender a invasão da Rússia por Napoleão em 1812, através da visão do clássico Guerra e Paz, de Tolstói, pode ser mais produtivo do que por meio dos livros de história das salas de aula?
Sobre esta questão, o escritor de obras como Menino Maluquinho e Flitcs Ziraldo, não tem dúvidas. E, certa vez causou burburinho, ao dizer para quem quisesse ouvir: “atenção, estudar é importante para você não ser empregado dos outros. Você tem que estudar para poder escolher o seu destino. Mas ler é muito mais importante. Já escrevi 150 livros e vendi quase sete milhões de exemplares. Dizem que escrevo direitinho. Mas nunca estudei na minha vida, só li. A vida inteira li. Quem vai abrir sua cabeça para sacar suas escolhas é o livro. Se pudesse ler todos os livros do mundo, você seria Deus, porque entenderia tudo”.
Mas, a questão é complexa. E, muitos devem estar neste momento questionando se ler e estudar não seriam a mesma coisa. Mas, não são. Na verdade, tratam-se de práticas diferentes, apesar de complementares quase indissociáveis. De acordo com a pedagoga e mestre em educação Ráquia Rabelo, a leitura é importante e se trata de  um importante pré-requisito para o estudo.
“Podemos pegar um determinado conteúdo e lê-lo, mas isso não significa que o leitor esteja estudando. Nesses casos pode ser apenas um ato de prazer ou de lazer. Mas, é claro que nesses momentos o sujeito está também estimulando a imaginação, enriquecendo o vocabulário, envolvendo linguagens diferenciadas, adquirindo informações diversas”, analisa.
Dessa forma, a pedagoga acredita que estudar vai além, pois trabalha com conhecimentos científicos, com objetivos pré-definidos. Segundo ela exige ainda, o interesse, perspicácia, concentração, dedicação, e uma boa compreensão da leitura que permita ao indivíduo relacionar diferentes textos, colocando-se em diálogo com as ideias dos autores.
No entanto, voltando a questão sobre qual seria mais importante, ler ou estudar, Ráquia disse não poder tratar do assunto, a partir de reducionismos. Para ela, a resposta deve-se levar em conta especificidades, como: Para quê?, Quem? Em quais condições e qual contexto que deve ser analisado?
“Digamos que em uma sala de aula, o professor utilize um texto complementar para o tema que esteja trabalhando. Neste caso, a leitura será uma forma de estudar. Em alguns casos, mais atraente e enriquecedora. Mas, se este mesmo sujeito a quem foi requerida tal leitura for um analfabeto funcional, ela por si só não o possibilitará compreender e interpretar tais tipos de textos científicos. Nesse caso, será preciso uma maior ajuda ou estudo que o possibilite desenvolver melhores habilidades de leitura, escrita, e assim por diante”, argumenta.
Saber ler
Os mais de 30 anos de experiência dedicados à educação, seja como professora, coordenadora ou diretora de diversas escolas de Goiânia, fizeram a também pedagoga e mestre Márcia Carvalho, acreditar que, dentro deste dilema, o mais importante é: saber ler ou estudar.
“De uma forma mais simplista digo que, se o sujeito for unicamente um decodificador de símbolos, não apreenderá o conteúdo daquilo que esta lendo e, se ler com fluência e não foi ensinado a interpretar, refletir, analisar e ressignificar o conhecimento, a leitura terá pouca serventia, não será um instrumento de transformação”, debate, ela que já comandou a pasta da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia por três anos e hoje é diretora da Câmara Municipal de Goiânia.
Para aprofundar seu argumento, Márcia Carvalho cita a pedagoga Rousaura Soligo e afirma que a compreensão da leitura depende da relação entre os olhos e o cérebro. “Partindo desse princípio, a prática da leitura deve ser capaz de resultar na existência de um leitor ou leitora, que compreenda, não só a essência do texto, mas, que consiga estabelecer relações com o autor ou autora da obra”, argumenta.
Desse modo, a pedagoga completa que, quando um indivíduo de fato sabe ler, quer dizer que tem um ótimo aliado aos estudos. Pois, a prática desenvolve o raciocínio, o senso crítico e a capacidade de interpretação. E, neste caso, nem é necessário que o aluno leia apenas Machado de Assis, mas, revistas de entretenimento são também válidos ao conhecimento.
“Todo material de leitura é importante. O que nós, educadores, buscamos com grande frequência é orientar textos que levem a reflexão, que gerem conhecimento e que proporcionem alegria. Enfim, ler deve ser prazeroso e educativo. Podemos utilizar o interesse pessoal dos educandos para estimular a leitura. Se gostarem de gibis, revistas jornais, internet, TV, entre outros, podemos nos usar desses instrumentos e conseguir grandes avanços nos quesitos leitura e interpretação”, explica.
Para formar devoradores de livros e, consequentemente bons alunos e profissionais, a pedagoga aconselha, que a escola deva proporcionar variados momentos de leitura. Segunda a educadora o colégio, precisa propiciar debates, reflexões em ambientes diferenciados (quando possível), concursos internos de poesias, redações, desenhos, histórias em quadrinhos, montagem e apresentação de peças teatrais.
Porém, se por um lado é dever da escola criar metodologias que se mostrem eficazes em despertar o gosto pela leitura, o papel da família, para enraizar o hábito não é menos importante. “O prazer deve ser despertado na primeira infância. Os pais devem ler com frequência para seus filhos e filhas, encenar as histórias com vozes diferentes, pois, isto atrai a atenção das crianças. Assim, quando a criança chegar à idade escolar, demonstrará interesse pela leitura e, com certeza, será alfabetizada com maior rapidez, prosseguindo seus estudos com tranquilidade”, conclui.
Tal mãe, tal filha
Tavez seja por ter sido incentivada desde muito nova a ler, por sua mãe, a gerente de Recursos Humanos Rogéria Rizzete, que Cecília de 11 anos, tem se destacado na escola. “Ela sempre foi muito bem nas matérias que exigem interpretação de texto. Os professores ainda elogiam sua leitura e dizem que ela comete poucos erros de português, em comparação com outras crianças da idade dela”, comemora Rogéria.
Mas, não apenas no Português a literatura tem lhe beneficiado. Por ter lido recentemente o best seller de John Green, A Culpa é das Estrelas, Cecília é a única na sua sala que sabe falar como é a capital dos países baixos, Amsterdã. Por meio do livro ainda iniciou, por conta própria, o conhecimento sobre assuntos, que só seriam aprofundados no Ensino Médio.
“Em A Culpa é das Estrelas eles visitam a casa de Anne Frank. Aí Cecília foi atrás e pegou o livro Diário de Anne Frank na escola, e dias atrás estava discutindo sobre ele com os professores. A maioria das crianças de 11 anos sequer sabe o que foi o Nazismo, mas a leitura fez com que ela já tivesse esse contato”, conta Rogéria.
Mas, se hoje a pequena lê por vontade própria livros, como Meu Pé de Laranja Lima e sabe quem é Van Gogh, não foi apenas pelo incentivo contínuo dos pais, mas também seus bons exemplos. Desde quando era um bebê, que Cecília, vê a mãe ler, cerca de quatro livros por mês. Em sua casa há ainda uma respeitável estante recheada com centenas de títulos. Seu outro método, também revela. “Pego bastante no pé também”.
Fonte: www.dm.com.br em 06.11.2014

Apartamento de professora preserva biblioteca dos anos 60

Campo Grande News - 31/10/2014

A fachada chama atenção pelas caixas de correio com detalhes coloridos e figuras de dois galos, em azul e branco. Um cuidado na paisagem que alegra a entrada do edifício José Ferreira Rosa, o nome do dono do imóvel, levantado há mais de seis décadas na rua Antônio Maria Coelho, entre a Calógeras e a 14 de Julho. Na correria, pode até passar despercebido, mas com um pouco de sensibilidade dá para perceber o carinho com cada detalhe na porta vermelha, com desenhos em verde, branco, azul e amarelo, inspiração que veio de Portugal.

O lugar exala cultura em cada detalhe. Não é para menos, quem mora ali é a escritora e professora Maria da Glória Sá Rosa, a Glorinha, uma das maiores incentivadoras da produção artística sul-mato-grossense. As cores nas caixas de correio, por exemplo, foram escolhidas pelo artista plástico Jonir Figueiredo, amigo da dona da casa.

Sempre que é procurada, Glorinha conta a história de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande, mas agora vai falar da morada que dividiu com o marido por 56 anos, até a morte dele em 2008.

O prédio é de 1954 e carrega com ele não só o passado, tem também a alma da moradora e as lembranças de quem já passou por ali.

Na entrada do apartamento, a porta de madeira indica a participação de outros 2 ícones das artes por aqui. É as boas vindas para quem chega ao "Ateliê da Glorinha". O portal foi feito por Elias Andrade, o Índio, e a porta tem o desenho de Ilton Silva, todos representando imagens que remetem ao Pantanal.

Em uma das portas há um espaço só para os recados e mensagens, mas que há muito tempo não engolem qualquer papel.

Na sala, muito lembra os anos 60 e 70, a começar pelos lustres, escolhidos por Humberto Espíndola, outro privilégio para uma pessoa com tantos amigos ilustres. "Muita gente deu pitaco aqui", lembra Glorinha.

Mas o principal colaborador é o filho, que sempre traz alguma relíquia ou referência. “Uma casa é o seu habitat, se não tem alma é porque você é árido. Não adianta ter carro, dinheiro e não ter cultura. Na casa de muitos políticos que visito, não tem um livro na parede”, diz José Carlos Ferreira Rosa, de 62 anos, filho de Glorinha e responsável por muito do que é visto no apartamento.

Ele herdou de Glorinha a paixão pelas viagens e por conhecer pessoas e culturas diferentes. Viveu quinze anos fora do Brasil, na Alemanha, Itália, Suíça. Conheceu muitos países ao redor do mundo. Das experiências, trouxe ideias e recordações para a casa da mãe.

“Na entrada, tive a ideia de colocar os azulejos árabes, fazer o jardim austríaco para ter flores. Pelos lugares que eu passava, eu sempre pensava em algumas coisas que eu poderia colocar na casa da minha mãe, que também gosta de cultura. Não vejo esse tipo de coisa em Campo Grande”, compara.

Os painéis de azulejos, feitos em Parati (RJ), estão em vários espaços, desde o numeral da fachada, e lembram o gosto do filho Boaventura, já falecido, que era músico. 

Nos fundos, eles também demarcam o território da churrasqueira no quintal que costumava reunir artistas para festas e debates sobre cultura. "Era um tempo muito animado, de reuniões e muita gente aqui", lembra José Carlos.

Bom filho, apesar de morar no Rio, ele sempre volta para ficar um tempo em Campo Grande e cuidar da mãe, que também tem a companhia de outro filho, médico, e do neto. 

Glorinha, aos 87 anos, nos recebeu 2 vezes nesta semana, sempre com um sorriso e a atenção de quem já está acostumada a conceder entrevistas para falar sobre a trajetória fundamental para a educação, cultura e história do Estado.

Para ela, a casa, que inclui o térreo e o 1º andar, já não é mais a mesma por conta do desgaste físico que as escadas representam hoje. "Mas minha médica disse que é bom, para eu fazer exercícios", lembra. Mesmo com problema na coluna e o auxílio de uma bengala, ela não se intimida na rotina de descer e subir até 3 vezes ao dia aquela escadaria enorme. "Hoje mesmo vou ao médico e depois, à noite, vou para a Academia de Letras", conta.

No quarto, o relaxamento vem com a rede, coisa de Nordeste, terra natal de Glorinha. "Aqui é onde eu leio", explica, mostrando a obra do momento, o livro "Clarisse".

As paredes da casa são recheadas de obras de arte de artistas como Jorapimo, Inês Corrêa da Costa, Humberto Espíndola, Terezinha Neder... As prateleiras, cheias de lembrança, mostram os lugares que já foram visitados. São centenas de bibelôs com a nostalgia dando o brilho. Há aparelhos de som antigos, almofadas da Índia, tapetes do Paquistão, esculturas da Tailândia e os “nossos” Bugres da Conceição.

Mas para Glorinha, o que mais tem valor são as fotos no porta-retrato. "Aproximam a minha família. Não tem preço", justifica.

Um dos cantos preferidos é a biblioteca, com estantes até o teto, feitas em madeira escura, assim que a família chegou ao apartamento. "Chamei 2 bibliotecárias para catalogar na época e depois o marceneiro ainda ampliou", conta. A cadeira da década de 80 foi outro presente e, apesar do design que nos dias de hoje vale muito dinheiro, para ela a única vantagem é o conforto.

São incontáveis as obras e elas se estendem pelos outros espaços da casa. Ganham estantes especiais em cada cômodo. Para quem aprecia arte e literatura, o apartamento, por si só, já carrega uma aura encantadora. 

Quando José Carlos propôs imprimir tal identidade ao imóvel, a intenção era garantir um lugar acolhedor, com uma energia para aventureiro nenhum botar defeito. “Eu me projetei na minha mãe, ela é a minha grande mentora espiritual e cultural, se eu sou quem sou é por causa dela”, declara o filho.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Bahia tem uma biblioteca pública para cada 34 mil habitantes; no Brasil média é de 33 mil


Bahia tem uma biblioteca pública para cada 34 mil habitantes; no Brasil média é de 33 mil
Foto: Reprodução
Com 441 bibliotecas públicas, a Bahia possui uma unidade para cada 34.114 habitantes, de acordo com levantamento feito pelo G1, com base nos dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, do Ministério da Cultura, atualizados neste segundo semestre.

O número é um pouco acima da média nacional, que mostra a existência de uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes. O índice nacional é idêntico ao de cinco anos atrás, mesmo com a criação de mais espaços nesse período – o aumento da oferta não foi maior que o crescimento populacional. Segundo o levantamento, o estado com a maior oferta de espaços por habitante é o Tocantins. São 141 bibliotecas – uma para cada 10 mil pessoas. Já o Rio de Janeiro registra o pior índice: um equipamento para cada 111 mil.

O estado, que tem 16 milhões de habitantes, abriga apenas 148 bibliotecas. A meta do governo de zerar o número de municípios sem bibliotecas também não foi alcançada ainda. Hoje, 115 cidades ainda não contam com o equipamento de cultura. Em 2009, eram 361.

Fonte: www.bahianoticias.com.br

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Processos urbanísticos devem ser acelerados com digitalização de demandas

A prefeitura de Porto Alegre passa a utilizar, a partir desta sexta-feira (24), Sistema de Aprovação Eletrônica de Projetos de Edificações, que dá início ao sistema de digitalização de demandas urbanísticas. 

Lançado em evento nesta manha, no Salão Nobre do Paço Municipal, o programa tem a meta de reduzir de 2 anos para 30 dias a avaliação e autorização para edificações, a partir da reestruturação organizacional das secretarias, permitindo a análise simultânea a partir do protocolo por meio eletrônico.

O lançamento teve a presença de autoridades, secretários municipais, entidades ligadas à áreas e representantes do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP), parceiro na implantação do sistema. 

O novo modelo não reduz etapas, prazos ou trâmites dentro de cada secretaria. “Nada deixará de ser cumprido. Pelo contrário. Os processos terão apenas a análise simultânea por várias secretarias e órgãos ao mesmo tempo, não necessitando mais que ele entre numa fila de espera e que uma pasta aguarde a tramitação em outra”, disse explicou o prefeito José Fortunati. 

A iniciativa permite ainda o gerenciamento do tempo de tramitação dos processos nos diferentes setores da administração.

Fonte: http://jcrs.uol.com.br/ em 24.10.2014