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sábado, 31 de dezembro de 2016

DICA DO DIA | CATALOGAÇÃO DE LIVROS

Existem diferentes formas de catalogação de livros. A mais comum e também a mais utilizada em escolas e universidades de vários países denomina-se Classificação Decimal de Dewey (CDD), que é um tipo de classificação bastante técnica. Para efetuar a separação, análise e registro de obras dentro desse padrão é recomendável a contratação de um bibliotecário.
Porém, também é possível usar outros processos mais simples e genéricos, para acervos menores. No caso das bibliotecas escolares, principalmente as das escolas de nível básico e cursos diversos (idiomas, preparação para o Enem, etc.), a própria instituição pode definir suas regras, desde que esse método seja explicado aos usuários. Tudo vai depender da proposta da instituição.
FONTE: CBK Software



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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cono organizar uma (baita) biblioteca

DELFIM NETTO DOOU À USP SEU ACERVO DE 250 MIL LIVROS – E SEU SISTEMA DE COLECIONAR E CATALOGAR O CONHECIMENTO.

“Tem quem faça coleção de uísque ou cuecas. Livros são meu  grande hobby”

Fato memorável de julho: Antônio Delfim Netto doou sua biblioteca para a Universidade de São Paulo (USP). Eram 250 mil livros sobre economia, história, antropologia e ciências sociais em geral, que antes viviam fechados num sítio em Cotia (SP). O que fez do acervo da Faculdade de Economia e Administração da USP, agora com 470 mil volumes, o maior da América Latina sobre essa temática. “Tem gente que coleciona uísque ou cuecas. No fundo, leitura é o meu grande hobby”, diz o ex-ministro e perene voz influente em governos de diferentes cores partidárias. Aos 86 anos, Delfim lê em média quatro horas por dia, sempre à tarde – “de manhã eu trabalho”, diz, em tom de brincadeira, porque ler, naturalmente, faz parte do trabalho. Otimista com os progressos do país na área da educação, ele falou sobre as miudezas de sua relação com os livros: como escolhe e compra, como os lê e organiza. É um método que vale a pena estudar. 
Descobrir
Delfim compra mais ou menos 40 livros por mês. Ele os encontra de duas formas: em catálogos que recebe de sebos pelo mundo – Japão, Suécia, Alemanha etc – e de grandes editoras, por carta ou e-mail; ou em citações e notas de rodapé de outros livros. O tema de interesse são as ciências sociais. “Tenho procurado mais obras sobre história e menos sobre assuntos como a matemática, minha formação, porque nessa idade falta um pouco da agilidade mental necessária”, diz.


Delfim: compras pela Amazon, hábito  de ler sentado e sistema “batalha naval” para encontrar livros na estante (Foto: Valor/Folhapress, divulgação)

Comprar
Às vezes, ele solicita à secretária – a Betí – que peça um determinado volume a um sebo ou editora, mas na maioria dos casos ele compra pela internet. Principalmente pela Amazon, site que critica: “ocorre um processo monopolista por parte da empresa, o que tem feito os preços subirem”, diz. No passado, ele chegou a comprar bibliotecas completas, que, por exemplo, algum sebo havia comprado de um economista cuja família não se interessou pelo acervo.
A leitura
“Leio invariavelmente sentado, com o livro sobre a mesa, apoiado num suporte que o deixa inclinado e que se desloca para os lados”, diz. Se ele lê tudo o que compra? “Não, ninguém lê tudo isso. Faço uma leitura ‘diagonal’, e quando encontro um trecho que me chama a atenção, ou um tratamento interessante a algum tema, paro e me aprofundo”, afirma. Além da língua nativa, o economista lê preferencialmente em italiano, francês, inglês e espanhol.
Pesquisas
Para encontrar algo no acervo, Delfim criou um método próprio. Colocou todos os livros em três salas, que chamou de A, B e C. Cada sala tem algumas estantes, também nomeadas com letras. As prateleiras se tornaram linhas e colunas, como num jogo de batalha naval. Quando quer achar uma obra, ele consulta um arquivo de computador, onde anotou todos os nomes de livros e autores. “Ele me diz: está na sala A, estante B, linha 2, coluna 1”, conta.
O best-seller
Eis o que ele pensa sobre o mais recente sucesso editorial no campo da Economia, O Capital no Século 21, do francês Thomas Piketty: “É um livro muito interessante, que li no fim do primeiro semestre do ano passado, em francês. É fantástico, porque confirma a ideia de que distribuir [renda e riqueza] é um problema político. A produção [de bens e serviços] é algo técnico, que a economia dá conta, mas distribuir é político”.
Fonte: www.epocanegocios.globo.com em 19.11.2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Apartamento de professora preserva biblioteca dos anos 60

Campo Grande News - 31/10/2014

A fachada chama atenção pelas caixas de correio com detalhes coloridos e figuras de dois galos, em azul e branco. Um cuidado na paisagem que alegra a entrada do edifício José Ferreira Rosa, o nome do dono do imóvel, levantado há mais de seis décadas na rua Antônio Maria Coelho, entre a Calógeras e a 14 de Julho. Na correria, pode até passar despercebido, mas com um pouco de sensibilidade dá para perceber o carinho com cada detalhe na porta vermelha, com desenhos em verde, branco, azul e amarelo, inspiração que veio de Portugal.

O lugar exala cultura em cada detalhe. Não é para menos, quem mora ali é a escritora e professora Maria da Glória Sá Rosa, a Glorinha, uma das maiores incentivadoras da produção artística sul-mato-grossense. As cores nas caixas de correio, por exemplo, foram escolhidas pelo artista plástico Jonir Figueiredo, amigo da dona da casa.

Sempre que é procurada, Glorinha conta a história de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande, mas agora vai falar da morada que dividiu com o marido por 56 anos, até a morte dele em 2008.

O prédio é de 1954 e carrega com ele não só o passado, tem também a alma da moradora e as lembranças de quem já passou por ali.

Na entrada do apartamento, a porta de madeira indica a participação de outros 2 ícones das artes por aqui. É as boas vindas para quem chega ao "Ateliê da Glorinha". O portal foi feito por Elias Andrade, o Índio, e a porta tem o desenho de Ilton Silva, todos representando imagens que remetem ao Pantanal.

Em uma das portas há um espaço só para os recados e mensagens, mas que há muito tempo não engolem qualquer papel.

Na sala, muito lembra os anos 60 e 70, a começar pelos lustres, escolhidos por Humberto Espíndola, outro privilégio para uma pessoa com tantos amigos ilustres. "Muita gente deu pitaco aqui", lembra Glorinha.

Mas o principal colaborador é o filho, que sempre traz alguma relíquia ou referência. “Uma casa é o seu habitat, se não tem alma é porque você é árido. Não adianta ter carro, dinheiro e não ter cultura. Na casa de muitos políticos que visito, não tem um livro na parede”, diz José Carlos Ferreira Rosa, de 62 anos, filho de Glorinha e responsável por muito do que é visto no apartamento.

Ele herdou de Glorinha a paixão pelas viagens e por conhecer pessoas e culturas diferentes. Viveu quinze anos fora do Brasil, na Alemanha, Itália, Suíça. Conheceu muitos países ao redor do mundo. Das experiências, trouxe ideias e recordações para a casa da mãe.

“Na entrada, tive a ideia de colocar os azulejos árabes, fazer o jardim austríaco para ter flores. Pelos lugares que eu passava, eu sempre pensava em algumas coisas que eu poderia colocar na casa da minha mãe, que também gosta de cultura. Não vejo esse tipo de coisa em Campo Grande”, compara.

Os painéis de azulejos, feitos em Parati (RJ), estão em vários espaços, desde o numeral da fachada, e lembram o gosto do filho Boaventura, já falecido, que era músico. 

Nos fundos, eles também demarcam o território da churrasqueira no quintal que costumava reunir artistas para festas e debates sobre cultura. "Era um tempo muito animado, de reuniões e muita gente aqui", lembra José Carlos.

Bom filho, apesar de morar no Rio, ele sempre volta para ficar um tempo em Campo Grande e cuidar da mãe, que também tem a companhia de outro filho, médico, e do neto. 

Glorinha, aos 87 anos, nos recebeu 2 vezes nesta semana, sempre com um sorriso e a atenção de quem já está acostumada a conceder entrevistas para falar sobre a trajetória fundamental para a educação, cultura e história do Estado.

Para ela, a casa, que inclui o térreo e o 1º andar, já não é mais a mesma por conta do desgaste físico que as escadas representam hoje. "Mas minha médica disse que é bom, para eu fazer exercícios", lembra. Mesmo com problema na coluna e o auxílio de uma bengala, ela não se intimida na rotina de descer e subir até 3 vezes ao dia aquela escadaria enorme. "Hoje mesmo vou ao médico e depois, à noite, vou para a Academia de Letras", conta.

No quarto, o relaxamento vem com a rede, coisa de Nordeste, terra natal de Glorinha. "Aqui é onde eu leio", explica, mostrando a obra do momento, o livro "Clarisse".

As paredes da casa são recheadas de obras de arte de artistas como Jorapimo, Inês Corrêa da Costa, Humberto Espíndola, Terezinha Neder... As prateleiras, cheias de lembrança, mostram os lugares que já foram visitados. São centenas de bibelôs com a nostalgia dando o brilho. Há aparelhos de som antigos, almofadas da Índia, tapetes do Paquistão, esculturas da Tailândia e os “nossos” Bugres da Conceição.

Mas para Glorinha, o que mais tem valor são as fotos no porta-retrato. "Aproximam a minha família. Não tem preço", justifica.

Um dos cantos preferidos é a biblioteca, com estantes até o teto, feitas em madeira escura, assim que a família chegou ao apartamento. "Chamei 2 bibliotecárias para catalogar na época e depois o marceneiro ainda ampliou", conta. A cadeira da década de 80 foi outro presente e, apesar do design que nos dias de hoje vale muito dinheiro, para ela a única vantagem é o conforto.

São incontáveis as obras e elas se estendem pelos outros espaços da casa. Ganham estantes especiais em cada cômodo. Para quem aprecia arte e literatura, o apartamento, por si só, já carrega uma aura encantadora. 

Quando José Carlos propôs imprimir tal identidade ao imóvel, a intenção era garantir um lugar acolhedor, com uma energia para aventureiro nenhum botar defeito. “Eu me projetei na minha mãe, ela é a minha grande mentora espiritual e cultural, se eu sou quem sou é por causa dela”, declara o filho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Aposentado compra apartamento vizinho para montar uma biblioteca

Antoine, de 78 anos, comprou apartamento em Santos para guardar obras.

Aposentado acabou se especializando e gosta de debater história.

Guilherme LucioDo G1 Santos
Um aposentado de Santos, no litoral de São Paulo, vive, literalmente, cercado de livros. Antoine Abdid, de 78 anos, precisou comprar o apartamento vizinho para conseguir guardar um acervo de cinco mil livros adquirido ao longo de toda a vida.
Abdid explica que não foi fácil comprar o apartamento ao lado. "Meu vizinho queria alugá-lo, mas não adiantava. Eu precisava de um lugar fixo para guardar meus livros, eu estava irredutível. Conversei com um dos filhos dele, que convenceu o pai", disse.
Segundo o aposentado, a biblioteca não é pública. "É difícil você emprestar livros para pessoas que você não conhece. Para os meus amigos e conhecidos, até empresto alguns, pois acho importante a leitura e o acesso a ela. O acervo que tenho é pessoal", conta Abdid.
Seo Antoine, que nasceu em Damasco, capital da Síria, explica que sua paixão por livros começou em São Paulo. “Eu parei de estudar no colegial. Porém, na minha época existia muito debate sobre política, história, economia e religião. Isso aguçou a minha curiosidade. Foi assim que comecei a recorrer aos livros”, explica.

Ainda na adolescência, Antoine se mudou para o bairro José Menino, onde vive atualmente. No início, ele contava com apenas 30 obras. Hoje, sua biblioteca particular possui milhares de livros de história, religião, filosofia e antropologia.
Aposentado comprou apartamento ao lado para guardar livros (Foto: Guilherme Lucio/G1)Aposentado comprou apartamento ao lado para guardar livros (Foto: Guilherme Lucio/G1)
O aposentado conta que marca cada livro com uma etiqueta. “Leva um certo tempo e dá trabalho. Tiro uma cópia da capa e colo na parte lateral. Além disso, vou a sebos e pego capas reforçadas que foram descartadas para colocar nos exemplares”, diz.
Além dos livros, o idoso também coleciona algumas centenas de DVDs. "Isso me mantém ativo. Mesmo com uma certa idade, precisamos nos manter ativos e fazer algo que gostamos. E os livros são a minha paixão", afirma.
“Marx era igual a Jesus Cristo. Acreditava que o homem era bondoso, misericordioso"
Antoine Abdid,
78 anos
Comunismo
Antoine se diz um homem apaixonado por história, que considera fundamental na vida do ser humano. “Nós precisamos conhecer a nossa história. Precisamos saber o que aconteceu no passado, quais foram os erros e quais foram os acertos. Não entendo como as escolas de hoje têm tão poucas aulas de história”, afirma.
Católico apostólico romano e ex-comunista, o aposentado explica o motivo pelo qual acredita que o sistema não deu certo. “A Rússia, que foi onde o comunismo teve ínicio, não era um país preparado para esse sistema. Talvez, se o primeiro país a implantar o comunismo tivesse sido a França ou a Inglaterra, ele poderia ter dado certo. Karl Marx era igual a Jesus Cristo. Acreditava que o homem era bondoso, misericordioso. Mas, na vida real, as coisas não funcionam bem assim. O homem é mau, vive conspirando, só pensa no próprio bem estar. O homem é o lobo do homem”, desabafa.
Antoine também tem uma teoria sobre o início das religiões. "Tudo teve início no Egito. Foi lá que as religiões, próximas ao que conhecemos hoje, tiveram início. Depois foi para a Grécia e o Oriente", diz.
Para Antonie, Karl Marx pensava como Jesus Cristo (Foto: Guilherme Lucio/G1)Para Antoine, Karl Marx pensava como Jesus Cristo (Foto: Guilherme Lucio/G1)
Mein Kampf
Livro de Hitler faz parte da coleção do aposentado (Foto: Guilherme Lucio/G1)Livro de Hitler faz parte da coleção do aposentado
(Foto: Guilherme Lucio/G1)
Dentre os milhares de livros de seu acervo, Antoine tem alguns exemplares mais "exóticos", outros raros, como uma das primeiras edições do livro de Adolf Hitler, Mein Kampf (Minha Luta, em português). Antes de tocar no assunto, ele preferiu deixar algo bem claro. "Muitas pessoas associam o livro ao nazismo. Eu sou uma pessoa apaixonada por história e por livros de história. Não quero que confundam as coisas", enfatiza. O aposentado explica que leu apenas parte do livro. "Não cheguei ao final, mas achei interessante", diz Abdid.
Sobre o regime alemão implantado durante a 2ª Guerra Mundial, Antoine explica que o regime foi "útil" para a Alemanha. "É lógico que houve problemas, mas a Alemanha conseguiu se reerguer. O objetivo principal era conquistar a Europa, como Napoleão também tentara, e não conseguiu", conclui
Aposentado tem livros por todo o apartamento (Foto: Guilherme Lucio/G1)Aposentado tem livros por todo o apartamento (Foto: Guilherme Lucio/G1)Fonte: www.g1.globo.com em 14.10.2014