quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cono organizar uma (baita) biblioteca

DELFIM NETTO DOOU À USP SEU ACERVO DE 250 MIL LIVROS – E SEU SISTEMA DE COLECIONAR E CATALOGAR O CONHECIMENTO.

“Tem quem faça coleção de uísque ou cuecas. Livros são meu  grande hobby”

Fato memorável de julho: Antônio Delfim Netto doou sua biblioteca para a Universidade de São Paulo (USP). Eram 250 mil livros sobre economia, história, antropologia e ciências sociais em geral, que antes viviam fechados num sítio em Cotia (SP). O que fez do acervo da Faculdade de Economia e Administração da USP, agora com 470 mil volumes, o maior da América Latina sobre essa temática. “Tem gente que coleciona uísque ou cuecas. No fundo, leitura é o meu grande hobby”, diz o ex-ministro e perene voz influente em governos de diferentes cores partidárias. Aos 86 anos, Delfim lê em média quatro horas por dia, sempre à tarde – “de manhã eu trabalho”, diz, em tom de brincadeira, porque ler, naturalmente, faz parte do trabalho. Otimista com os progressos do país na área da educação, ele falou sobre as miudezas de sua relação com os livros: como escolhe e compra, como os lê e organiza. É um método que vale a pena estudar. 
Descobrir
Delfim compra mais ou menos 40 livros por mês. Ele os encontra de duas formas: em catálogos que recebe de sebos pelo mundo – Japão, Suécia, Alemanha etc – e de grandes editoras, por carta ou e-mail; ou em citações e notas de rodapé de outros livros. O tema de interesse são as ciências sociais. “Tenho procurado mais obras sobre história e menos sobre assuntos como a matemática, minha formação, porque nessa idade falta um pouco da agilidade mental necessária”, diz.


Delfim: compras pela Amazon, hábito  de ler sentado e sistema “batalha naval” para encontrar livros na estante (Foto: Valor/Folhapress, divulgação)

Comprar
Às vezes, ele solicita à secretária – a Betí – que peça um determinado volume a um sebo ou editora, mas na maioria dos casos ele compra pela internet. Principalmente pela Amazon, site que critica: “ocorre um processo monopolista por parte da empresa, o que tem feito os preços subirem”, diz. No passado, ele chegou a comprar bibliotecas completas, que, por exemplo, algum sebo havia comprado de um economista cuja família não se interessou pelo acervo.
A leitura
“Leio invariavelmente sentado, com o livro sobre a mesa, apoiado num suporte que o deixa inclinado e que se desloca para os lados”, diz. Se ele lê tudo o que compra? “Não, ninguém lê tudo isso. Faço uma leitura ‘diagonal’, e quando encontro um trecho que me chama a atenção, ou um tratamento interessante a algum tema, paro e me aprofundo”, afirma. Além da língua nativa, o economista lê preferencialmente em italiano, francês, inglês e espanhol.
Pesquisas
Para encontrar algo no acervo, Delfim criou um método próprio. Colocou todos os livros em três salas, que chamou de A, B e C. Cada sala tem algumas estantes, também nomeadas com letras. As prateleiras se tornaram linhas e colunas, como num jogo de batalha naval. Quando quer achar uma obra, ele consulta um arquivo de computador, onde anotou todos os nomes de livros e autores. “Ele me diz: está na sala A, estante B, linha 2, coluna 1”, conta.
O best-seller
Eis o que ele pensa sobre o mais recente sucesso editorial no campo da Economia, O Capital no Século 21, do francês Thomas Piketty: “É um livro muito interessante, que li no fim do primeiro semestre do ano passado, em francês. É fantástico, porque confirma a ideia de que distribuir [renda e riqueza] é um problema político. A produção [de bens e serviços] é algo técnico, que a economia dá conta, mas distribuir é político”.
Fonte: www.epocanegocios.globo.com em 19.11.2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Biblioteca abriga 30 mil volumes em espaço precário


17/11/2014
Secretário de Cultura diz que não é intenção tira-la dos fundos da Casa de Cultura, apesar da falta de conforto e funcionalidade

A Biblioteca Pública Municipal “Dr. Fernando Furquim”, de Olímpia, abriga atualmente cerca de 30 mil volumes de livros diversos, novos e antigos, em situação e espaço bastante precários, nos fundos da Casa de Cultura “Álvaro Marreta Cassiano Ayusso”. E apesar do grande movimento observado ali e da falta de conforto e funcionalidade, o secretário municipal de Cultura, Guto Zanette, diz não ter ideia de tira-la de lá. A Biblioteca faz cerca de três mil empréstimos por mês.

“Temos vários projetos, mas não a ideia de tirar a biblioteca da Casa de Cultura”, disse ele. “Pretendemos fazer apenas algumas adaptações para o futuro”, complementa. Para ele, a biblioteca tem tido “andamento normal”, apesar da situação física em que se encontra. Os cerca de 30 mil livros existentes são fruto de doações, programas do Estado ou mesmo compras, com o rendimento das multas por empréstimo restituído fora do prazo.

Zanette pensa em “mudar o layout” da biblioteca, mas não tira-la dali, pelo menos por enquanto. Pensa, ao invés disso, num projeto itinerante, levando a biblioteca para os bairros. Mas reconhece que o espaço está pequeno para abrigar 30 mil livros. Além disso, falta nela uma bibliotecária, para catalogar, por exemplo, cerca de 200 volumes recebidos em doação que ainda puderam ir para as prateleiras ou serem melhor acomodados.

Recentemente foi feito concurso para a vaga, mas as duas inscritas não alcançaram o índice exigido. Hoje estão lá duas funcionárias, uma delas há 17 anos, mas uma bibliotecária é exigida por lei. Por isso a prefeitura terá que fazer novo concurso em breve. “Há livros mal acomodados por falta de quem catalogue, são mais de 200 volumes”, observa Zanette.

Quanto a tirar dali, Zanette alega que não há planejamento quanto para onde leva-la, embora reafirme que o local “está ficando pequeno”. Somente em um futuro não tão próximo o secretário admite tirar dali a biblioteca. Mas isso após “ter um prédio estratégico, estruturado, novo”.  Só assim, observa, haveria chance de a biblioteca municipal ser tirada da Casa de Cultura.
Fonte: www.planetanews.com.br em 17.11.2014

Manuscritos antigos da Biblioteca Estatal são digitalizados

Enquanto as bibliotecas nacionais aderem ao projeto de digitalização dos livros mais valiosos dos seus arquivos, a Gazeta Russa visitou o centro de digitalização da Biblioteca Estatal da Rússia para acompanhar o renascimento das obras dos clássicos literários. 
A iniciativa tomada pela Biblioteca Estatal da Rússia em meados da década de 2000 deu origem ao projeto de Biblioteca Nacional Digital, criado com o objetivo de imortalizar com a ajuda de tecnologias modernas obras da literatura publicadas até o ano de 1831. Tatiana Garkuchova, funcionária do centro de digitalização, monstra na tela do seu computador as páginas escaneadas de livros arcaicos, como o Evangelho de Arkhanguelsk, publicado em 1092, a quarta obra mais antiga de todos os famosos manuscritos do leste europeu, e Octoecos (coletânea de cânticos religiosos da Igreja Ortodoxa), que saiu da oficina de impressão da cidade de Cracóvia em 1491 e é considerado um dos primeiros livros escritos no alfabeto cirílico.
Foto: Anton Tchúrotchkin
Apesar do valor estimado em milhões de dólares, a obra é uma propriedade estatal, portanto não pode ser comprada ou vendida.
"Anteriormente, os livros desta categoria podiam ser emprestados apenas mediante a apresentação de uma autorização especial e somente às equipes de pesquisa renomadas", explica Tatiana.
Mas o projeto de digitalização já garante o acesso ao seu conteúdo a todos os interessados através do site oficial da Biblioteca Digital.
Passado digitalizado
"A seleção dos livros raros da Biblioteca Estatal inclui cerca de 300 unidades, nove dos quais já receberam as suas versões eletrônicas", conta Tatiana, que comemora o apoio do Ministério de Cultura recentemente recebido pelo projeto da Biblioteca Nacional Digital, cuja lista de participantes também continua se ampliando.
Apesar da crescente expansão dos meios digitais de conservação do patrimônio cultural, o tradicional papel ainda não se rendeu às novidades tecnológicas.
Foto: Anton Tchúrotchkin
"O projeto de digitalização de livros visa disponibilizar o seu conteúdo ao público em geral, além de neutralizar possíveis danos causados pelos métodos usados nas suas respectivas épocas, tais como a tinta à base de zinco comum no século 19 e que, ao passar dos anos, penetra no papel e aparece no seu verso,  impossibilitando a leitura do texto escrito em ambos os lados da folha", explica Roman Kurbatov.
"Vale ressaltar que os livros mais antigos e caros são também os mais bem conservados. A sua importância e valor permitiram que eles fossem guardados em condições especiais e fossem pouco manuseados. Já encontramos uma obra de François Rabelais publicada em vida na década de 30 do século 16, cujo estado supera ao das obras que saíram das editoras em meados do século 19", conta Roman.
Foto: Anton Tchúrotchkin
Para que os livros não sejam danificados, o processo de digitalização conta com uma série de cuidados. Por exemplo, cada obra é escaneada dentro de um leito ajustado conforme o seu formato e grossura por uma máquina do tamanho correspondente, cuja luz não prejudica a tinta ou o papel. Existem os aparelhos digitalizadores para livros de todos os tamanhos, inclusive para as unidades do formato A0 com dimensões 33,1 x 46,8 polegadas.
Tecnologias espaciais e obras de Leonardo da Vinci
Os livros grandes ou de formatos incomuns, como feitos sob encomenda, atlas, álbuns e folhas gráficas, são processados pelo digitalizador Metis Systems, elaborado por antigos colaboradores do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica da Universidade de Tecnologia de Massachusetts, cuja capacidade permite digitalizar obras de até 50 quilos e 20 polegadas de espessura. Há pouco tempo, o aparelho transformou em arquivos eletrônicos o livro “Codex Atlânticus”, manuscrito de Leonardo da Vinci de 1119 páginas.
Foto: Anton Tchúrotchkin
O site da Biblioteca Estatal da Rússia garante o acesso livre às cópias digitais de uma série de livros que inclui o calendário pessoal de bolso do imperador Pavel 1º, o Evangelho datado de meados do século 17obras do século 16 da oficina de impressão de Francysk Skaryna de Praga, entre outros, assim como permite baixá-los em formado pdf ou lê-los no  iPad. A alta qualidade da digitalização preserva os mínimos detalhes dos textos e de seus enfeites, assim como gravuras e ex-líbrises que indicam a pertinência do item.
A facilidade de acesso, no entanto, não seria capaz de compensar a sensação gerada pelo contato com a obra antiga.
Manuscritos antigos da Biblioteca Estatal são digitalizados  
Foto: Anton Tchúrotchkin
"Durante o processo de digitalização da famosa biblioteca de Menachem Mendel Schneerson, encontramos entre as folhas alguns objetos interessantes usados como marcadores de paginas, tais como penas de ganso, fios de cabelo, correntes, dinheiro e bilhetes pessoais", explica Roman. 
Fonte: http://br.rbth.com/ em 15.11.2014

Sem cadastro e sem prazo, bibliotecas "livres" se espalham pelo país

Site mapeia trocas de livro e bibliotecas comunitárias pelo país – e ainda te ajuda a montar uma

Ler muito não necessariamente significa gastar muito, principalmente se você souber onde encontrar boas bibliotecas. E algumas das melhores são as que não exigem cadastro nem burocracia. São as “bibliotecas livres” – sistemas de empréstimos públicos ou comunitários que não exigem carteirinha nem data de devolução.
Encontrar essas bibliotecas é o trabalho do blog “Bibliotecas do Brasil”, que há dois anos mapeia iniciativas comunitárias de empréstimo ou troca de livros no país. O site ainda ensina como uma pessoa pode montar sua própria biblioteca livre, dando um pequeno tutorial e um modelo de cartaz que explica o funcionamento.

reprodução bibliotecas do brasil
O tutorial do Bibliotecas do Brasil ajuda quem estiver pensando em abrir uma "biblioteca livre".
Inspirado na ação do blog, o site Ciclovivo fez uma seleção com sete bibliotecas livres espalhadas pelo país. Reproduzimos abaixo.
Biblioteca Sem Paredes no Rio de Janeiro (RJ): Projeto que busca incentivar a leitura na cidade maravilhosa. Os eventos são realizados na Praça Edmundo Rego, no Grajaú. Saiba mais aqui.
Livro de Rua em Carapicuíba (São Paulo): Com apoio da Primavera Editorial, livros são espalhados no Parque Gabriel Chucri e ficam à disposição de quem passa pelo local. Os eventos ocorrem todo último domingo do mês. Saiba mais aqui.
Leitura na Praça em Belo Horizonte (MG): A iniciativa é a realizada mensalmente no primeiro domingo do mês na Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Saiba mais aqui.
Escambo de Livros em Salvador (Bahia): Realizado no Dique do Tororó, ponto de lazer conhecido da capital baiana, o escambo é realizado pelo movimento Navegue no Bem desde o ano passado. Saiba mais aqui.
Ler é Viver em Manaus (Amazonas): Fundado por uma funcionária pública, o projeto funciona dentro da recepção da Procuradoria da República no Estado do Amazonas. Saiba mais aqui.
Ciranda do Amanhecer em Tabuleiro do Norte (Ceará): Projeto de incentivo à leitura e à cultura local. De forma que possui biblioteca, espaço para leitura e exibição de filmes, além de eventos com música, dança e teatro. Saiba mais aqui.
Expedições Literárias – Bibliorodas no Distrito Federal: Formado por duas professoras, a iniciativa consiste em levar o conhecimento por meio de carrinhos de feira. As duas vão todos os sábados às feiras-livres da região distribuindo os livros. 
Fonte: www.catracalivre.com.br