sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Biblioteca ou escola?

Já é sabido que séculos de conhecimento podem ser adquiridos em centenas de páginas viradas. Seja na narrativa particular da literatura, ou na realidade científica das obras didáticas. No entanto, entre estes dois meios, algum leva vantagem na corrida pela busca do conhecimento? Em outras palavras: entender a invasão da Rússia por Napoleão em 1812, através da visão do clássico Guerra e Paz, de Tolstói, pode ser mais produtivo do que por meio dos livros de história das salas de aula?
Sobre esta questão, o escritor de obras como Menino Maluquinho e Flitcs Ziraldo, não tem dúvidas. E, certa vez causou burburinho, ao dizer para quem quisesse ouvir: “atenção, estudar é importante para você não ser empregado dos outros. Você tem que estudar para poder escolher o seu destino. Mas ler é muito mais importante. Já escrevi 150 livros e vendi quase sete milhões de exemplares. Dizem que escrevo direitinho. Mas nunca estudei na minha vida, só li. A vida inteira li. Quem vai abrir sua cabeça para sacar suas escolhas é o livro. Se pudesse ler todos os livros do mundo, você seria Deus, porque entenderia tudo”.
Mas, a questão é complexa. E, muitos devem estar neste momento questionando se ler e estudar não seriam a mesma coisa. Mas, não são. Na verdade, tratam-se de práticas diferentes, apesar de complementares quase indissociáveis. De acordo com a pedagoga e mestre em educação Ráquia Rabelo, a leitura é importante e se trata de  um importante pré-requisito para o estudo.
“Podemos pegar um determinado conteúdo e lê-lo, mas isso não significa que o leitor esteja estudando. Nesses casos pode ser apenas um ato de prazer ou de lazer. Mas, é claro que nesses momentos o sujeito está também estimulando a imaginação, enriquecendo o vocabulário, envolvendo linguagens diferenciadas, adquirindo informações diversas”, analisa.
Dessa forma, a pedagoga acredita que estudar vai além, pois trabalha com conhecimentos científicos, com objetivos pré-definidos. Segundo ela exige ainda, o interesse, perspicácia, concentração, dedicação, e uma boa compreensão da leitura que permita ao indivíduo relacionar diferentes textos, colocando-se em diálogo com as ideias dos autores.
No entanto, voltando a questão sobre qual seria mais importante, ler ou estudar, Ráquia disse não poder tratar do assunto, a partir de reducionismos. Para ela, a resposta deve-se levar em conta especificidades, como: Para quê?, Quem? Em quais condições e qual contexto que deve ser analisado?
“Digamos que em uma sala de aula, o professor utilize um texto complementar para o tema que esteja trabalhando. Neste caso, a leitura será uma forma de estudar. Em alguns casos, mais atraente e enriquecedora. Mas, se este mesmo sujeito a quem foi requerida tal leitura for um analfabeto funcional, ela por si só não o possibilitará compreender e interpretar tais tipos de textos científicos. Nesse caso, será preciso uma maior ajuda ou estudo que o possibilite desenvolver melhores habilidades de leitura, escrita, e assim por diante”, argumenta.
Saber ler
Os mais de 30 anos de experiência dedicados à educação, seja como professora, coordenadora ou diretora de diversas escolas de Goiânia, fizeram a também pedagoga e mestre Márcia Carvalho, acreditar que, dentro deste dilema, o mais importante é: saber ler ou estudar.
“De uma forma mais simplista digo que, se o sujeito for unicamente um decodificador de símbolos, não apreenderá o conteúdo daquilo que esta lendo e, se ler com fluência e não foi ensinado a interpretar, refletir, analisar e ressignificar o conhecimento, a leitura terá pouca serventia, não será um instrumento de transformação”, debate, ela que já comandou a pasta da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia por três anos e hoje é diretora da Câmara Municipal de Goiânia.
Para aprofundar seu argumento, Márcia Carvalho cita a pedagoga Rousaura Soligo e afirma que a compreensão da leitura depende da relação entre os olhos e o cérebro. “Partindo desse princípio, a prática da leitura deve ser capaz de resultar na existência de um leitor ou leitora, que compreenda, não só a essência do texto, mas, que consiga estabelecer relações com o autor ou autora da obra”, argumenta.
Desse modo, a pedagoga completa que, quando um indivíduo de fato sabe ler, quer dizer que tem um ótimo aliado aos estudos. Pois, a prática desenvolve o raciocínio, o senso crítico e a capacidade de interpretação. E, neste caso, nem é necessário que o aluno leia apenas Machado de Assis, mas, revistas de entretenimento são também válidos ao conhecimento.
“Todo material de leitura é importante. O que nós, educadores, buscamos com grande frequência é orientar textos que levem a reflexão, que gerem conhecimento e que proporcionem alegria. Enfim, ler deve ser prazeroso e educativo. Podemos utilizar o interesse pessoal dos educandos para estimular a leitura. Se gostarem de gibis, revistas jornais, internet, TV, entre outros, podemos nos usar desses instrumentos e conseguir grandes avanços nos quesitos leitura e interpretação”, explica.
Para formar devoradores de livros e, consequentemente bons alunos e profissionais, a pedagoga aconselha, que a escola deva proporcionar variados momentos de leitura. Segunda a educadora o colégio, precisa propiciar debates, reflexões em ambientes diferenciados (quando possível), concursos internos de poesias, redações, desenhos, histórias em quadrinhos, montagem e apresentação de peças teatrais.
Porém, se por um lado é dever da escola criar metodologias que se mostrem eficazes em despertar o gosto pela leitura, o papel da família, para enraizar o hábito não é menos importante. “O prazer deve ser despertado na primeira infância. Os pais devem ler com frequência para seus filhos e filhas, encenar as histórias com vozes diferentes, pois, isto atrai a atenção das crianças. Assim, quando a criança chegar à idade escolar, demonstrará interesse pela leitura e, com certeza, será alfabetizada com maior rapidez, prosseguindo seus estudos com tranquilidade”, conclui.
Tal mãe, tal filha
Tavez seja por ter sido incentivada desde muito nova a ler, por sua mãe, a gerente de Recursos Humanos Rogéria Rizzete, que Cecília de 11 anos, tem se destacado na escola. “Ela sempre foi muito bem nas matérias que exigem interpretação de texto. Os professores ainda elogiam sua leitura e dizem que ela comete poucos erros de português, em comparação com outras crianças da idade dela”, comemora Rogéria.
Mas, não apenas no Português a literatura tem lhe beneficiado. Por ter lido recentemente o best seller de John Green, A Culpa é das Estrelas, Cecília é a única na sua sala que sabe falar como é a capital dos países baixos, Amsterdã. Por meio do livro ainda iniciou, por conta própria, o conhecimento sobre assuntos, que só seriam aprofundados no Ensino Médio.
“Em A Culpa é das Estrelas eles visitam a casa de Anne Frank. Aí Cecília foi atrás e pegou o livro Diário de Anne Frank na escola, e dias atrás estava discutindo sobre ele com os professores. A maioria das crianças de 11 anos sequer sabe o que foi o Nazismo, mas a leitura fez com que ela já tivesse esse contato”, conta Rogéria.
Mas, se hoje a pequena lê por vontade própria livros, como Meu Pé de Laranja Lima e sabe quem é Van Gogh, não foi apenas pelo incentivo contínuo dos pais, mas também seus bons exemplos. Desde quando era um bebê, que Cecília, vê a mãe ler, cerca de quatro livros por mês. Em sua casa há ainda uma respeitável estante recheada com centenas de títulos. Seu outro método, também revela. “Pego bastante no pé também”.
Fonte: www.dm.com.br em 06.11.2014

Apartamento de professora preserva biblioteca dos anos 60

Campo Grande News - 31/10/2014

A fachada chama atenção pelas caixas de correio com detalhes coloridos e figuras de dois galos, em azul e branco. Um cuidado na paisagem que alegra a entrada do edifício José Ferreira Rosa, o nome do dono do imóvel, levantado há mais de seis décadas na rua Antônio Maria Coelho, entre a Calógeras e a 14 de Julho. Na correria, pode até passar despercebido, mas com um pouco de sensibilidade dá para perceber o carinho com cada detalhe na porta vermelha, com desenhos em verde, branco, azul e amarelo, inspiração que veio de Portugal.

O lugar exala cultura em cada detalhe. Não é para menos, quem mora ali é a escritora e professora Maria da Glória Sá Rosa, a Glorinha, uma das maiores incentivadoras da produção artística sul-mato-grossense. As cores nas caixas de correio, por exemplo, foram escolhidas pelo artista plástico Jonir Figueiredo, amigo da dona da casa.

Sempre que é procurada, Glorinha conta a história de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande, mas agora vai falar da morada que dividiu com o marido por 56 anos, até a morte dele em 2008.

O prédio é de 1954 e carrega com ele não só o passado, tem também a alma da moradora e as lembranças de quem já passou por ali.

Na entrada do apartamento, a porta de madeira indica a participação de outros 2 ícones das artes por aqui. É as boas vindas para quem chega ao "Ateliê da Glorinha". O portal foi feito por Elias Andrade, o Índio, e a porta tem o desenho de Ilton Silva, todos representando imagens que remetem ao Pantanal.

Em uma das portas há um espaço só para os recados e mensagens, mas que há muito tempo não engolem qualquer papel.

Na sala, muito lembra os anos 60 e 70, a começar pelos lustres, escolhidos por Humberto Espíndola, outro privilégio para uma pessoa com tantos amigos ilustres. "Muita gente deu pitaco aqui", lembra Glorinha.

Mas o principal colaborador é o filho, que sempre traz alguma relíquia ou referência. “Uma casa é o seu habitat, se não tem alma é porque você é árido. Não adianta ter carro, dinheiro e não ter cultura. Na casa de muitos políticos que visito, não tem um livro na parede”, diz José Carlos Ferreira Rosa, de 62 anos, filho de Glorinha e responsável por muito do que é visto no apartamento.

Ele herdou de Glorinha a paixão pelas viagens e por conhecer pessoas e culturas diferentes. Viveu quinze anos fora do Brasil, na Alemanha, Itália, Suíça. Conheceu muitos países ao redor do mundo. Das experiências, trouxe ideias e recordações para a casa da mãe.

“Na entrada, tive a ideia de colocar os azulejos árabes, fazer o jardim austríaco para ter flores. Pelos lugares que eu passava, eu sempre pensava em algumas coisas que eu poderia colocar na casa da minha mãe, que também gosta de cultura. Não vejo esse tipo de coisa em Campo Grande”, compara.

Os painéis de azulejos, feitos em Parati (RJ), estão em vários espaços, desde o numeral da fachada, e lembram o gosto do filho Boaventura, já falecido, que era músico. 

Nos fundos, eles também demarcam o território da churrasqueira no quintal que costumava reunir artistas para festas e debates sobre cultura. "Era um tempo muito animado, de reuniões e muita gente aqui", lembra José Carlos.

Bom filho, apesar de morar no Rio, ele sempre volta para ficar um tempo em Campo Grande e cuidar da mãe, que também tem a companhia de outro filho, médico, e do neto. 

Glorinha, aos 87 anos, nos recebeu 2 vezes nesta semana, sempre com um sorriso e a atenção de quem já está acostumada a conceder entrevistas para falar sobre a trajetória fundamental para a educação, cultura e história do Estado.

Para ela, a casa, que inclui o térreo e o 1º andar, já não é mais a mesma por conta do desgaste físico que as escadas representam hoje. "Mas minha médica disse que é bom, para eu fazer exercícios", lembra. Mesmo com problema na coluna e o auxílio de uma bengala, ela não se intimida na rotina de descer e subir até 3 vezes ao dia aquela escadaria enorme. "Hoje mesmo vou ao médico e depois, à noite, vou para a Academia de Letras", conta.

No quarto, o relaxamento vem com a rede, coisa de Nordeste, terra natal de Glorinha. "Aqui é onde eu leio", explica, mostrando a obra do momento, o livro "Clarisse".

As paredes da casa são recheadas de obras de arte de artistas como Jorapimo, Inês Corrêa da Costa, Humberto Espíndola, Terezinha Neder... As prateleiras, cheias de lembrança, mostram os lugares que já foram visitados. São centenas de bibelôs com a nostalgia dando o brilho. Há aparelhos de som antigos, almofadas da Índia, tapetes do Paquistão, esculturas da Tailândia e os “nossos” Bugres da Conceição.

Mas para Glorinha, o que mais tem valor são as fotos no porta-retrato. "Aproximam a minha família. Não tem preço", justifica.

Um dos cantos preferidos é a biblioteca, com estantes até o teto, feitas em madeira escura, assim que a família chegou ao apartamento. "Chamei 2 bibliotecárias para catalogar na época e depois o marceneiro ainda ampliou", conta. A cadeira da década de 80 foi outro presente e, apesar do design que nos dias de hoje vale muito dinheiro, para ela a única vantagem é o conforto.

São incontáveis as obras e elas se estendem pelos outros espaços da casa. Ganham estantes especiais em cada cômodo. Para quem aprecia arte e literatura, o apartamento, por si só, já carrega uma aura encantadora. 

Quando José Carlos propôs imprimir tal identidade ao imóvel, a intenção era garantir um lugar acolhedor, com uma energia para aventureiro nenhum botar defeito. “Eu me projetei na minha mãe, ela é a minha grande mentora espiritual e cultural, se eu sou quem sou é por causa dela”, declara o filho.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Bahia tem uma biblioteca pública para cada 34 mil habitantes; no Brasil média é de 33 mil


Bahia tem uma biblioteca pública para cada 34 mil habitantes; no Brasil média é de 33 mil
Foto: Reprodução
Com 441 bibliotecas públicas, a Bahia possui uma unidade para cada 34.114 habitantes, de acordo com levantamento feito pelo G1, com base nos dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, do Ministério da Cultura, atualizados neste segundo semestre.

O número é um pouco acima da média nacional, que mostra a existência de uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes. O índice nacional é idêntico ao de cinco anos atrás, mesmo com a criação de mais espaços nesse período – o aumento da oferta não foi maior que o crescimento populacional. Segundo o levantamento, o estado com a maior oferta de espaços por habitante é o Tocantins. São 141 bibliotecas – uma para cada 10 mil pessoas. Já o Rio de Janeiro registra o pior índice: um equipamento para cada 111 mil.

O estado, que tem 16 milhões de habitantes, abriga apenas 148 bibliotecas. A meta do governo de zerar o número de municípios sem bibliotecas também não foi alcançada ainda. Hoje, 115 cidades ainda não contam com o equipamento de cultura. Em 2009, eram 361.

Fonte: www.bahianoticias.com.br

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Processos urbanísticos devem ser acelerados com digitalização de demandas

A prefeitura de Porto Alegre passa a utilizar, a partir desta sexta-feira (24), Sistema de Aprovação Eletrônica de Projetos de Edificações, que dá início ao sistema de digitalização de demandas urbanísticas. 

Lançado em evento nesta manha, no Salão Nobre do Paço Municipal, o programa tem a meta de reduzir de 2 anos para 30 dias a avaliação e autorização para edificações, a partir da reestruturação organizacional das secretarias, permitindo a análise simultânea a partir do protocolo por meio eletrônico.

O lançamento teve a presença de autoridades, secretários municipais, entidades ligadas à áreas e representantes do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP), parceiro na implantação do sistema. 

O novo modelo não reduz etapas, prazos ou trâmites dentro de cada secretaria. “Nada deixará de ser cumprido. Pelo contrário. Os processos terão apenas a análise simultânea por várias secretarias e órgãos ao mesmo tempo, não necessitando mais que ele entre numa fila de espera e que uma pasta aguarde a tramitação em outra”, disse explicou o prefeito José Fortunati. 

A iniciativa permite ainda o gerenciamento do tempo de tramitação dos processos nos diferentes setores da administração.

Fonte: http://jcrs.uol.com.br/ em 24.10.2014