sábado, 31 de janeiro de 2015

Brasileiros incentivam a leitura usando a criatividade e as próprias mãos

As geladeirotecas estão instaladas no campus da Fundação Universidade Regional de Blumenau e em três escolas municipais da região; esta foi pintada pelo artista Fernando Pauler. Foto de Terça cultural, publicada com permissão.

Quando pensamos numa biblioteca, imaginamos um lugar silencioso e cheio de livros aguardando leitores, que, para lê-los, devem seguir duas regras à risca: se usar a sala de leitura, não faça barulho; se pegar o livro emprestado, devolva-o no dia certo. Mas alguns brasileiros estão usando sua criatividade e as próprias mãos para transformar bicicletas, carrinhos de feira, geladeiras e outros objetos em bibliotecas, incentivando a leitura em locais onde as bibliotecas públicas não chegam.
É o que mostra um mapa produzido pelo blogue Bibliotecas do Brasil, organizado por Daniele Carneiro e Juliano Rocha. Apaixonados por livros, e convictos de que havia muitas iniciativas de incentivo à leitura dentro e fora do país feitas pela própria população, eles perceberam que faltava uma voz na mídia para divulgá-las:
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O mapa tem cerca de 60 inciativas de incentivo à leitura. Clique sobre ele para mais informações sobre cada uma delas. Imagem deBibliotecas do Brasil, publicada com permissão.
Vimos que essas ações cobriam uma boa parte do Brasil e resolvemos mostrar isso graficamente ao colocar todas as ações em um mapa, para reforçar esta ideia de que os brasileiros gostam de ler quando lhes é dada a oportunidade e de que existem pessoas que acreditam nos livros livres como agentes de mudança nas mais diversas comunidades. Com esse apoio visual, fica mais fácil para os próprios projetos de incentivo à leitura criarem uma rede de contatos para se ajudarem e trocarem experiências. As bibliotecas que mais nos interessam são as bibliotecas comunitárias, bibliotecas livres, minibibliotecas ou bibliotecas públicas que são atuantes e preocupadas em trazer os leitores para seu interior e despertar neles o gosto pela leitura.
Questionados sobre o que são bibliotecas livres, Daniele e Juliano explicam que são aquelas nas quais os livros são emprestados sem a necessidade de cadastros, nem prazos de devolução. Qualquer pessoa pode pegar um livro, levá-lo para casa, pelo tempo que quiser e ainda com o direito de emprestá-lo ou levá-lo durante uma viagem e deixá-lo em outra cidade.
Nem todas as iniciativas do mapa funcionam assim, mas, em comum, há entre elas o desejo de facilitar o acesso aos livros e mudar a cara dos espaços públicos.
De carrinhos de feira a geladeiras, tudo pode ser transformado em biblioteca
Carrinhos de feira transformados em pequenas bibliotecas itinerantes no Shopping Popular da Ceilândia. Foto de Bibliorodas utilizada com permissão.
Carrinhos de feira viram pequenas bibliotecas itinerantes no Shopping Popular da Ceilândia. Foto de Bibliorodas, publicada com permissão.
Desde 2011, em Ceilândia, no Distrito Federal, Clara Etiene e Edna Freitas incentivam a leitura no mercado popular da região. Embora até reunissem algumas pessoas, elas não conseguiam atrair os próprios feirantes, que diziam não poder abandonar suas barracas durante a jornada de trabalho. Foi então que decidiram transformar carrinhos de feira em pequenas bibliotecas móveis, que depois foram batizadas debibliorodas.
A solução foi bem recebida e Clara e Edna resolveram expandir o projeto: agora, levam livros aos feirantes e à população do interior do Ceará. ”A inexistência de locais e iniciativas à leitura na periferia é alarmante, estamos longe de superar esse problema. Mas realmente acreditamos no poder emancipador e transformador da literatura. É importante que todos tenham direito a ela”, contam as idealizadoras em entrevista por email ao Global Voices.
Já em Santa Catarina, geladeiras velhas deixaram de ir para o depósito de lixo e foram transformadas em bibliotecas. Estudantes da Fundação Universidade Regional de Blumenau instalaram três geladeirotecas no campus, disponibilizando livros aos colegas, professores, servidores e frequentadores do local. Batizado de “Não deixe a cultura na geladeira”, o projeto teve início em 2012 e recebeu ajuda voluntária de três artistas para pintar as geladeiras, além de editoras e professores da universidade, que doaram livros. Um dos responsáveis pela geladeiroteca, Alan Filigrana, afirma que os universitários tomaram a iniciativa por acreditarem que a leitura é fundamental para o desenvolvimento humano.
As geladeirotecas também estão em três escolas municipais da região, nas quais estudam crianças e adolescentes. “Escolhemos livros que normalmente não estão ao alcance dos alunos e que são capazes de incentivar o raciocínio crítico deles. Além disso, nas escolas quem pinta as geladeiras são os próprios alunos, o que colabora para que eles valorizem o projeto, pois fizeram parte da sua elaboração”, explica Alan.
Essas são só duas entre cerca de 60 iniciativas presentes no mapa, que também contempla outros países, como, por exemplo, a iniciativa de três jovens brasileiras que fizeram uma campanha para arrecadar livros e reformar a biblioteca de uma escola primária em Maputo, capital de Moçambique, onde estudam aproximadamente 1.300 alunos entre 6 e 11 anos. As três estavam no país para dar aulas na escola primária de Coop durante um intercâmbio. “Convivendo com crianças tão esforçadas e interessadas, vimos que podíamos impactar ainda mais suas vidas”, disseram na apresentação da campanha que chamaram de Moçambique quer ler.
Faça você mesmo uma biblioteca livre
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Tutorial explica passo a passo para montar uma biblioteca livre. Clique para ampliar. Foto de “Bibliotecas do Brasil”, publicada com permissão.
Os organizadores do mapa e do blogue também estimulam as pessoas a se engajarem no incentivo à leitura ensinando os visitantes a construir suas próprias bibliotecas livres. Para isso, criaram um tutorial com dicas para o sucesso de novas iniciativas, incluindo as melhores escolhas para arrecadação de livros, opção pelo local onde a biblioteca será instalada, além de divulgação, organização e manutenção.
E o que não falta são brasileiros para serem atraídos pela leitura. Segundo a última pesquisa Retratos da leitura no Brasil, o brasileiro lê em média apenas cinco livros por ano, contando os livros indicados pela escola, ou dois livros sem essas indicações. É pouco, mas iniciativas como essas ajudam a reverter esse quadro, colocando os livros no caminho das pessoas em vez de deixá-los guardados nas bibliotecas e nas estantes de casa.
Fonte: http://pt.globalvoicesonline.org/ em 26.01.2015

Incêndio atinge uma das maiores bibliotecas russas em Moscou

Incêndio em biblioteca de Moscou, na Rússia, mobilizou bombeiros (Foto: Reprodução/YouTube/Eugene Pchelnikoff)
Incêndio em biblioteca de Moscou, na Rússia, mobilizou bombeiros (Foto: Reprodução/YouTube/Eugene Pchelnikoff)

Instituto de Informação Científica e Ciências Sociais foi destruído pelo fogo. Livros e manuscritos científicos foram resgatados, segundo agência.

Um grande incêndio atingiu a biblioteca do Instituto de Informação Científica e Ciências Sociais (Inion, na sigla em russo) de Moscou, embora livros e manuscritos científicos tenham sido resgatados, informaram neste sábado (31) as agências russas.
O fogo se estendeu por uma área de 2 mil metros quadrados, segundo o Ministério de Situações de Emergência da Rússia, que garantiu que as chamas não prejudicaram o acervo guardado no local, que abriga obras do século XIV.
Cerca de 200 bombeiros, auxiliados por 55 veículos, foram deslocados para o local para controlar o incêndio, iniciado na noite de ontem, mas só encerrado durante a madrugada de hoje, conforme o ministério.
O diretor do Inion, Yuri Pivovarov, explicou à agência "Interfax" que a biblioteca do Instituto é a quarta maior da Rússia e a segunda de Moscou, considerada como "a melhor de ciências sociais na Europa".
'Catástrofe'
No entanto, disse que alguns livros foram danificados pela água utilizada pelos bombeiros. Apesar disso, ele avalia que as obras podem ser recuperadas. "O mais importante é que eles não tenham sido atingidos pelo fogo. O instituto está destruído, mas a parte dos fundos do prédio, onde ficam os livros, parece que está a salvo", acrescentou.

A Academia de Ciências da Rússia, instituição científica mais importante do país, classificou o incêndio na biblioteca como uma catástrofe. "Não há outro nome para isso. Uma grande perda ocorrida", afirmou o presidente do órgão, Vladimir Ivanov.
Segundo a imprensa russa, a biblioteca guarda mais de 14 milhões de livros e documentos em diferentes idiomas, incluindo peças de valor científico e histórico "inestimáveis".
Fonte: www.g1.globo.com em 31.01.2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

30 de Janeiro. Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos - HQ


Muitos estudiosos querem o crédito pela invenção do gênero ao cartunista italiano Angelo Agostini, que, radicado no Brasil, escreveu, em 1869 (muito antes de Yellow Kid), As Aventuras de Nhô Quim ou impressões de uma viagem à corte, uma autêntica história em quadrinhos. Quinze anos depois ele seria responsável pela criação dos primeiros quadrinhos brasileiros de longa duração, com asAventuras do Zé Caipora.

Em 1905 começaram a surgir outras histórias em quadrinhos nacionais com o lançamento da revistaO Tico-Tico. Surgiu o personagem Chiquinho, de Loureiro. Também graças à revista, surgiramLamparina, de J. Carlos, Zé Macaco e Faustina, de Alfredo Storni, Pára-Choque e Vira-Lata, de Max Yantok e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luis Sá.

Em meados de 1930, Adolfo Aizen lançou o Suplemento Juvenil, com o qual introduziu no Brasil as histórias americanas. O sucesso o levou a editar mais duas revistas: Mirim e Lobinho. Em 1937, Roberto Marinho entrou no ramo com O Globo Juvenil e dois anos depois lançou o Gibi, nome que passaria a ser também sinônimo de revistas em quadrinhos.

Na década de 50, começaram a ser publicados no Brasil, pela Editora Abril, as histórias em quadrinhos da Disney. A revista Sesinho, do SESI, permitiu o aparecimento de figurinhas carimbadas das HQs no país, como Ziraldo, Fortuna e Joselito Matos.

Para enfrentar a forte concorrência dos heróis americanos, foram transpostos para os quadrinhos nacionais aventuras de heróis de novelas juvenís radiofônicas, como O Vingador, de P. Amaral e Fernando Silva e Jerônimo - o herói do Sertão, de Moisés Weltman e Edmundo Rodrigues. Personagens importados tiveram suas versões brasileiras, como o Fantasma.

A partir da década de 60, multiplicaram-se as publicações e os personagens brasileiros. Destaque para Pererê, de Ziraldo (que mais tarde criaria O Menino Maluquinho), Gabola, de Peroti, Sacarrolha, de Primaggio e toda a série de personagens de Maurício de Sousa, dentre os quais, MônicaCascãoCebolinha.

Maurício de Sousa é o maior nome dos quadrinhos nacionais. Foi o único a viver exclusivamente dos lucros de suas publicações. A Turma da Mônica é o maior sucesso do ramo no país, em todos os tempos. Virou uma linha de produtos que vão desde sandálias, a macarrões, passando por material escolar, roupas, etc. Também já foram produzidos desenhos animados longa-metragem com os personagens.



O jornal Pasquim ficou famoso por suas tirinhas de quadrinhos, principalmente os de Jaguar. O cartunista Henfil também se destaca nessa época. Daniel Azulay também criou e manteve um herói brasileiro, o Capitão Cipó, que representou um dos melhores momentos dos quadrinhos nacionais.

A Editora Abril passa a publicar os heróis da Marvel e da DC Comics no Brasil, com as revistasCapitão América e Heróis da TV. Posteriormente, com BatmanSuper-HomemHomem-Aranha eIncrível Hulk, dentre outros.

A partir da década de 80, os grandes jornais brasileiros passam a inserir trabalhos de autores nacionais em suas tirinhas, antes exclusivamente americanas. Dentre eles, destacam-se Miguel Paiva (Radical Chic), Glauco (Geraldão), Laerte (Piratas do Tietê), Angeli (Chiclete com Banana), Fernando Gonsales (Níquel Náusea) e Luís Fernando Veríssimo (As Cobras). Também a edição brasileira da revista americana Mad passa a publicar trabalhos com autores brasileiros.

Nos anos 90 o mercado brasileiro cresce um pouco mais. Novas revistas em quadrinhos de heróis passam a ser editadas no país, sobretudo da recém criada Image Comics. A Editora Abril continua na frente das rivais e publica a Spawn norte-americana.

O Brasil entra no Século XXI com o mercado de quadrinhos em expansão. A Editora Globo continua a publicar com grande sucesso os gibis da Turma da Mônica; a Editora Abril segue firme com os quadrinhos de heróis das americanas Marvel, DC e Image; a revista Heavy Metal americana lança sua edição brasileira, a Metal Pesado, e editoras menores publicam materiais de outras origens. Alguns cartunistas nacionais lançam a revista caricata Bundas.



Fonte: http://www.legal.blog.br

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O brasileiro gosta de ler, mas falta estímulo

Por Laé de Souza em 20/01/2015 na edição 834

Reproduzido d’O TREM Itabirano n º 113, janeiro de 2015; título original “O brasileiro gosta de ler, sim, o que falta é estímulo”, intertítulo do OI
Aqueles que são leitores verdadeiros sabem exatamente a riqueza que podemos encontrar em incontáveis páginas de livros. Desde muito cedo, tornei-me leitor convicto. Daqueles que viajam pelo universo literário.
Por muitos anos, mantive meus livros como objeto de adoração, expostos numa glamorosa estante em minha biblioteca particular.

Confesso: tinha ciúmes da minha vasta coleção, vez ou outra empoeirada, protegida pelo meu ameaçador “não tire do lugar”. Livros conservados como tesouro intocável.
Num determinado momento, comecei a refletir sobre o motivo do desinteresse das pessoas pela leitura, em especial os jovens. Foi, então, que libertei meu tesouro literário da prisão de minha estante. Passei a emprestar meus livros a um, a outro, fiz marketing das obras que li e assim fui disseminando a cultura do prazer da leitura.
Hoje, alegra-me quando morre o proprietário de uma vasta biblioteca particular e a viúva detesta livros, pois eles serão distribuídos de qualquer jeito e sairão a circular com grande chance de cumprir o papel para o qual nasceram: serem lidos. Quantas vezes leremos um livro que está em nossa estante? Por que deixá-los ali empoeirados, tristonhos, lidos apenas uma vez? Temos um instinto de posse para tudo. Até para os livros.
Grande parceria
Sempre fui inconformado com o estigma de que o brasileiro não gosta de ler. Acho pura invencionice. Não se pode opinar sobre o gosto do que nunca se experimentou. Imaginava que era preciso criar facilidades e buscar estímulos para a primeira leitura. Longe, bem longe da obrigatoriedade e controles burocráticos para aquele que quer ler. Entristece-me quando, nas minhas visitas às escolas, vejo bibliotecas ou salas de leitura trancadas a sete chaves. Quantos leitores perdidos pelo excesso de zelo.
Assim, em 1998 nasceu o meu projeto Encontro com o Escritor. Sempre tive a certeza de que a leitura não é só na escola, é para todos os lugares. Assim, em 2004, nasceu o projeto Leitura no Parque, que visa abarcar outro tipo de público.
Ao longo desses anos de aplicação de projetos de leitura, tenho constatado que é grande equívoco o pensamento de que “o brasileiro não gosta de ler”. Falta, isso sim, criar facilidades e formas de incentivo.
Trabalho que tenho feito sempre nas minhas palestras, alertando professores para a grande responsabilidade que lhes cabe, principalmente nos dias de hoje, em que as mães ausentam-se para o trabalho e não têm o tempo tão necessário para ler histórias para os filhos e estimular a imaginação e o prazer da literatura.
Num tempo de alunos arredios, cercados pelo bombardeio de inovações visuais e lúdicas, é preciso escolher com carinho a obra que se coloca pela primeira vez nas mãos de um futuro leitor. Corre-se sempre o risco de criar ojeriza e afastá-lo definitivamente do mundo da leitura. Portanto, muito cuidado!!!
Vários alunos que se recusavam a ler e que leram a primeira crônica de um livro meu manifestaram que leram, para surpresa deles próprios, até o final e começaram a ler outras obras a partir dessa experiência.
A grande parceria com professores, instituições e a adesão de patrocinadores e incentivadores pessoa física me levam a acreditar que é possível realizar o sonho de fazer do Brasil um país de leitores.
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Laé de Souza é escritor 

Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br