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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O brasileiro gosta de ler, mas falta estímulo

Por Laé de Souza em 20/01/2015 na edição 834

Reproduzido d’O TREM Itabirano n º 113, janeiro de 2015; título original “O brasileiro gosta de ler, sim, o que falta é estímulo”, intertítulo do OI
Aqueles que são leitores verdadeiros sabem exatamente a riqueza que podemos encontrar em incontáveis páginas de livros. Desde muito cedo, tornei-me leitor convicto. Daqueles que viajam pelo universo literário.
Por muitos anos, mantive meus livros como objeto de adoração, expostos numa glamorosa estante em minha biblioteca particular.

Confesso: tinha ciúmes da minha vasta coleção, vez ou outra empoeirada, protegida pelo meu ameaçador “não tire do lugar”. Livros conservados como tesouro intocável.
Num determinado momento, comecei a refletir sobre o motivo do desinteresse das pessoas pela leitura, em especial os jovens. Foi, então, que libertei meu tesouro literário da prisão de minha estante. Passei a emprestar meus livros a um, a outro, fiz marketing das obras que li e assim fui disseminando a cultura do prazer da leitura.
Hoje, alegra-me quando morre o proprietário de uma vasta biblioteca particular e a viúva detesta livros, pois eles serão distribuídos de qualquer jeito e sairão a circular com grande chance de cumprir o papel para o qual nasceram: serem lidos. Quantas vezes leremos um livro que está em nossa estante? Por que deixá-los ali empoeirados, tristonhos, lidos apenas uma vez? Temos um instinto de posse para tudo. Até para os livros.
Grande parceria
Sempre fui inconformado com o estigma de que o brasileiro não gosta de ler. Acho pura invencionice. Não se pode opinar sobre o gosto do que nunca se experimentou. Imaginava que era preciso criar facilidades e buscar estímulos para a primeira leitura. Longe, bem longe da obrigatoriedade e controles burocráticos para aquele que quer ler. Entristece-me quando, nas minhas visitas às escolas, vejo bibliotecas ou salas de leitura trancadas a sete chaves. Quantos leitores perdidos pelo excesso de zelo.
Assim, em 1998 nasceu o meu projeto Encontro com o Escritor. Sempre tive a certeza de que a leitura não é só na escola, é para todos os lugares. Assim, em 2004, nasceu o projeto Leitura no Parque, que visa abarcar outro tipo de público.
Ao longo desses anos de aplicação de projetos de leitura, tenho constatado que é grande equívoco o pensamento de que “o brasileiro não gosta de ler”. Falta, isso sim, criar facilidades e formas de incentivo.
Trabalho que tenho feito sempre nas minhas palestras, alertando professores para a grande responsabilidade que lhes cabe, principalmente nos dias de hoje, em que as mães ausentam-se para o trabalho e não têm o tempo tão necessário para ler histórias para os filhos e estimular a imaginação e o prazer da literatura.
Num tempo de alunos arredios, cercados pelo bombardeio de inovações visuais e lúdicas, é preciso escolher com carinho a obra que se coloca pela primeira vez nas mãos de um futuro leitor. Corre-se sempre o risco de criar ojeriza e afastá-lo definitivamente do mundo da leitura. Portanto, muito cuidado!!!
Vários alunos que se recusavam a ler e que leram a primeira crônica de um livro meu manifestaram que leram, para surpresa deles próprios, até o final e começaram a ler outras obras a partir dessa experiência.
A grande parceria com professores, instituições e a adesão de patrocinadores e incentivadores pessoa física me levam a acreditar que é possível realizar o sonho de fazer do Brasil um país de leitores.
***
Laé de Souza é escritor 

Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br

sábado, 13 de dezembro de 2014

No Dia Nacional do Cego, fundação lança site para promover a leitura inclusiva

A Fundação Dorina Nowill para Cegos lançou hoje (13) o blog colaborativo Rede de Leitura Inclusiva – Conectando Todos. Lançado no Dia Nacional do Cego, a página é um espaço para manter profissionais envolvidos, informados e engajados com o incentivo à leitura inclusiva e à acessibilidade.

"A leitura inclusiva é perceber que a pessoa com deficiência visual tem o direito e o interesse no acesso universal a informação", diz a coordenadora de Acesso ao Livro da fundação, Ana Paula Silva, que está a frente do projeto de formação da rede de leitura. "Tem um público que precisa ser atingido e nós, como organizações, devemos mostrar para essas pessoas que existem recursos como livro falado, braille, audiodescrição, formas de acessar a informação", acrescenta.

A rede de leitura inclusiva é formada por educadores, mediadores de leitura, governos, agentes de bibliotecas e de organizações sociais. Desde 2013, a fundação desenvolve um projeto em parceria com estados para a formação de grupos de trabalho voltados à discussão do assunto em cada localidade. Esses grupos existem em 12 estados e o objetivo é que no ano que vem sejam formados em todas unidades da Federação.

blog lançado hoje pretende ser um espaço de comunicação entre esses gupos de trabalho e também para que organizações e mesmo pessoas que trabalhem com a leitura inclusiva possam trocar informações e disponibilizar um serviço cada vez melhor para a população.

No Brasil, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), há 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Dessas, 500 mil são cegas. "O Brasil está começando a perceber essse público, com o retrato mostrado no censo, as organizações começam a abrir propostas de trabalho, estados e prefeituras começam a desenvolver projetos com acessibilidade. Mas ainda é incipiente", diz Ana Paula.

A Fundação Dorina Nowill  dedica-se à inclusão social das pessoas com deficiência visual, por meio da produção e distribuição gratuita de livros em braille, falados e digitais acessíveis, diretamente para pessoas com deficiência visual e para cerca de 2,5 mil escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil.

A fundação oferece também, gratuitamente, programas de serviços especializados à pessoa com deficiência visual e sua família, nas áreas de saúde, educação especial, reabilitação e trabalho.

Editor Juliana Andrade

  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0