Visitas virtuais aos museus de todo o mundo, inclusive os do Brasil, estão ficando cada vez mais interativas, com jogos, e-books e cursos à distância entre as opções.
Germana Macambira
O Museu do Homem do Nordeste, no Recife, deve apresentar novidades na interatividade com o usuário da internet. Divulgação
Aproximar os admiradores das artes plásticas de seus ídolos; trazer aos nossos dias obras seculares; fazer com que, mesmo de muito longe – geograficamente _ possamos interagir com os mais importantes acervos de obras de arte do mundo. Aplicativos e demais ferramentas digitais oferecidas, a cada dia mais, pelos museus do Brasil e de vários cantos do mundo, transformam a interatividade e a tecnologia numa espécie de intimidade: dos já conhecidos tour virtuais a ferramentas que possibilitam uma maior aproximação do usuário com a obra do artista.
A novidade, impulsionada pela Google Art Project, ferramenta lançada em 2011, satisfaz o admirador das obras de Van Gogh, por exemplo, que pode baixar aplicativos de imagens do artista, para contemplá-las no papel de parede do celular, mas também atende a crianças e adolescentes que desejem interagir com os museus, sem sair de casa.
Sempre que a publicitária Tereza Cristina Araújo pergunta ao filho, se ele quer fazer (mais) uma visita ao museu, a resposta vem em forma de curiosidade: “Para onde vamos dessa vez?”. Aos 10 anos, Filipe Assis Araújo já percorreu, virtualmente, alguns desses espaços. O The British Museum, na Inglaterra, foi o escolhido, na última ‘viagem’ feita com a mãe, especificamente na seção para crianças de 7 a 11 anos. Por lá, fez o download de um arquivo que contava a história das primeiras moedas do mundo.
Foi dessa forma – navegando pelas possibilidades que os sites oferecem – que ele conheceu alguns dos mais ricos espaços em história, arte e cultura. “Sempre tive paixão por obras e acervos, dos mais variados. E a conveniência de ter acesso a tudo isso, sem sair de casa, é fascinante. Meu filho segue os meus passos desde os 3 anos. Às vezes, é ele quem me chama para mais uma viagem”, contou a publicitária.
No Museu do Prado, em Madri, é possível participar-se de cursos de arte à distância. No Brasil, a Pinacoteca de São Paulo disponibiliza e-books dos catálogos, que podem ser ‘folheados’ em computadores desktops, tablets e e-readers. O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) tem os aplicativos MAM Coleção e MAM Quebra Cabeça. Este, com um conteúdo mais lúdico, em que é possível brincar com cerca de 51 obras da coleção, embaralhadas em peças que podem, depois de montadas, ser compartilhadas nas redes sociais, por exemplo.
O Museu do Homem do Nordeste, no Recife, garante estar fazendo investimentos para aprimorar a comunicação virtual. “Em breve, será oferecido um site com exposições virtuais, além dos recursos que estão sendo viabilizados para oferecer, no museu, tablets com roteiro de visita em três línguas”, comentou Maurício Antunes, coordenador geral de museologia da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
INTERAÇÃO
A tecnologia não faz oposição à contemplação, a poucos metros de distância, da Mona Lisa, da Vênus de Milo, de obras-primas de Rembrandt e Michelangelo ou de representações de animais e faraós do Egito antigo – acervo que faz parte do Museu do Louvre, em Paris. Na verdade, a ideia é que ela funcione como parceira das visitas presenciais, quando possíveis. Pelo menos essa é a opinião de quem reconhece os benefícios virtuais de acesso a uma obra de arte sem, no entanto, abrir mão da experiência (real) de vislumbrá-los pessoalmente.
“É fantástico poder passear por inúmeros museus de todo o mundo, que hoje oferecem a experiência de uma exposição virtual. Mas é melhor ainda viver essa experiência. Eu posso passear virtualmente pelo Louvre, mas é só indo naquele espaço social internacionalizado que posso, na interação com os outros, descobrir o que pensam as pessoas sobre as riquezas que foram parar naquele museu”, completou o coordenador.
A propósito, a publicitária Tereza Cristina já foi até o Museu do Louvre. Indagada sobre as experiências de visitas pessoais e virtuais, ela acrescentou: “Consegui ir uma única vez a Paris. Claro que fui ao Museu do Louvre. Mas foi voltar para casa e acessar, além dele, outras dezenas de museus que me fascinaram tanto quanto a minha ida ao Louvre”, revelou a mãe de Filipe, que deve viajar, nos próximos dias, para São Paulo. E tem, na programação, idas ao MAM, ao Masp e ao Museu do Futebol. “Quero que ele conheça de perto a cultura dos museus. Mas manter esse hábito de conhecimento, no dia a dia, só é possível através do mundo virtual”, admite.
Fonte: www.jconline.com.br em 28.02.2015
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