terça-feira, 30 de outubro de 2012

PROGRAMA LEVA BIBLIOTECAS RURAIS A FAMÍLIAS DE AGRICULTORES DE RORAIMA

Ação é desenvolvida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Projeto pretende incentivar a leitura e facilitar o acesso à informação.

Famílias de agricultores do sul de Roraima ganharam uma biblioteca. A ação do Ministério do Desenvolvimento Agrário tem o objetivo de incentivar a leitura e facilitar o acesso à informação.

 Há seis anos, Oneide Araújo e a família realiza a tarefa diária de cuidar do cultivo de hortaliças na chácara onde moram. Toda produção é comercializada em uma feira no município do João da Baliza, no sul de Roraima. Como outros produtores, a agricultora aprendeu o trabalho na prática.

 As bibliotecas rurais darão aos produtores a possibilidade de consultar livros e tirar dúvidas sobre a vida rural. O conhecimento por meio da leitura chega às comunidades rurais através do Programa Arco das Letras. No lugar há exemplares que vão desde a literatura infantil a livros técnicos.

 A missão dos agentes de leitura, escolhidos pelas comunidades onde moram, é conquistar leitores a cada dia. Eles aprendem como irá funcionar a biblioteca na comunidade. O agente de leitura Raimundo Araújo, do município de Caroebe, foi capacitado e será responsável por uma das bibliotecas rurais.

 Em Roraima, já são 70 bibliotecas rurais do projeto que atende 15 mil famílias.

COMO SE FAZ UMA BIBLIOTECA


Uma biblioteca não se faz de doação de livros que não queremos mais em casa - “isto é sucata” -, e o acervo deve ser selecionado conforme a demanda de cada público. Para cada tipo de biblioteca, uma função diferente e, consequentemente, uma acervo diversificado. É o que sustenta a Professora da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia, da Universidade Federal de Goiânia, Maria das Graças Monteiro Castro. Professora na disciplina Formação e Desenvolvimento de Coleções (Acervo) e Diretora da Editora UFG, esteve à frente do Projeto Leia Goiânia, de 2001 a 2004, onde implementou 92 bibliotecas na rede municipal de ensino de Goiânia e 98 bibliotecas circulantes nos centros municipais de educação infantil. Nesta entrevista exclusiva ao Instituto Ecofuturo, Graça Castro fala da diferença entre espaços de leitura e biblioteca, das particularidades e esforços de implementação de bibliotecas escolares e dos desafios para que se cumpra a lei 12.244/10, que determina a implantação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do País até 2020.

 

No 14° Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, realizado recentemente no Rio de Janeiro, você chamou a atenção para a diferença entre espaços de leitura e bibliotecas. Poderia nos dizer, em linhas gerais, que diferença é essa e por que ela deve ser levada em conta ao se pensarem políticas de promoção da leitura?

Espaço de leitura é todo e qualquer espaço que proporcione conforto para o ato de ler. Portanto, estamos falando de um banco de ônibus, trem, avião, sofá da sala ou mesmo um tapete com almofadas, uma cadeira de praia, debaixo de uma árvore frondosa, enfim são inúmeros.

A biblioteca seria aquele lugar previamente preparado para abrigar o suporte e o ato de ler. O lugar que promove o encontro do leitor com as mais variadas estruturas textuais e suportes de leitura. Ali encontramos o livro para o puro deleite ou para nos trazer conhecimentos específicos que precisamos. A biblioteca democratiza o acesso do conhecimento e atua na formação permanente do sujeito leitor por meio do acervo selecionado para um público específico, com atividades que deem suporte para o processo de pesquisa por meio de buscas de fontes de informação. A organização do espaço físico favorece o encontro do leitor com o livro.

 
De 2001 a 2004, você implementou 92 bibliotecas escolares na rede municipal de ensino de Goiânia e 98 bibliotecas circulantes nos centros municipais de educação infantil, através do Projeto Leia Goiânia. Quais as particulares desse tipo de biblioteca e como concorreram os esforços para implementá-las e mantê-las em pleno funcionamento?

O projeto previa a reestruturação das salas de aula que eram denominadas bibliotecas na rede municipal de ensino de Goiânia. Fizemos um diagnóstico físico e estrutural destes espaços nas 156 escolas da rede e detectamos que em 92 poderíamos atuar imediatamente.

Com a criação de um Sistema de Bibliotecas Escolares para a Rede Municipal de Ensino de Goiânia, capaz de articular a proposta de educação inclusiva, quatro ações foram implementadas: a reestruturação física das bibliotecas; a formação continuada nas áreas técnica e pedagógica; o estabelecimento de diretrizes para a política de seleção e aquisição do acervo; e o estabelecimento de diretrizes para a garantia da atuação da biblioteca como um centro dinamizador da leitura e difusor de conhecimento.

Como abrangia a educação infantil, o ensino fundamental e a educação de adolescentes, jovens e adultos, e considerando as diferentes condições das unidades de ensino, o projeto estabeleceu um cronograma em que o atendimento se daria inicialmente nas escolas que já dispusessem de espaço físico adequado e se estenderia, posteriormente, até aquelas que necessitassem de adequação e/ou construção da sala destinada à biblioteca.

Estruturou-se uma biblioteca padrão de 40 m2 (veja layout abaixo). Contamos com a assessoria de um grupo de arquitetos ( Argumento Arquitetura), um grupo selecionado de professores das universidades estadual e federal, bem como de professores da própria rede para selecionarmos o acervo e iniciamos um processo de formação de diretores, coordenadores e auxiliares de biblioteca.

Você também sustenta que o acervo deve ser escolhido em consonância com as demandas do público de cada biblioteca. Como reconhecer essas demandas? Variam, realmente, de público para público de maneira tão perceptível? Não haveria, dentro do patrimônio cultural de um país, um acervo de interesse comum a leitores de todas as regiões?

Como professora da disciplina de Formação e desenvolvimento de coleções (acervo) do curso de biblioteconomia, sempre digo aos meus alunos que uma biblioteca deve ser sempre planejada para atender seus usuários. Um acervo nunca pode ser formado aleatoriamente e menos ainda com doações. Para cada tipo de biblioteca , uma função diferente e, consequentemente, um acervo diferente. No caso específico da biblioteca escolar o acervo deverá atender ao projeto político pedagógico da escola e atender às especificidades deste currículo.

No Projeto Leia Goiânia, a política de seleção adotada para compra do acervo foi desenvolvida por uma equipe de professores da Universidade Federal de Goiás, da Universidade Estadual de Goiás e da rede municipal de ensino. Na constituição do acervo, levou-se em conta a necessidade de oferecer diversas estruturas textuais: literatura, obras de referência, livros informativos e textos teóricos de apoio aos professores. Por decisão prévia, os livros didáticos foram retirados da biblioteca. A seleção de cerca de 2.800 títulos contemplou: obras de referência, contos populares, histórias em quadrinhos, literatura infantil, literatura juvenil, literatura para jovens e adultos, livros informativos nas mais diversas áreas (ciências, história, geografia, matemática, artes e língua estrangeira) e livros de apoio teórico para o professor nessas mesmas áreas.


Como você tem acompanhado os desdobramentos da efetivação da lei 12.244/10, que determina a implantação de bibliotecas em todas as instituições de ensino brasileiras até 2020?

A lei é extremamente válida, no entanto não há garantia de que será realmente implantada. Temos uma série de limitadores:

1) O tamanho do sistema educacional brasileiro e as competências de cada instâncias federativas: união, estado e município;

2) A falta de definição de uma política de implantação de bibliotecas escolares pelo MEC, como fiscalizador, definindo a abrangência/conceitos, acervo básico (do próprio PNBE, por exemplo); espaço físico, mobiliário, equipamentos eletrônicos etc.

3) Falta de profissionais qualificados para atuar no espaço pedagógico. Os cursos de biblioteconomia deveriam preparar o profissional par atuar neste universo, aliando conhecimento das áreas específicas da informação com os conhecimentos pedagógicos.

 
Quais os cuidados que precisamos observar, se isso é possível, para que a leitura em bibliotecas escolares ultrapassem o uso meramente paradidático da literatura?

Fazer com que a biblioteca realmente seja inserida no contexto pedagógico: participar do projeto político pedagógico e fundamentalmente da prática cotidiana dos professores.

 
Como o professor pode identificar o tipo de biblioteca adequado para o seu desempenho como docente?

As universidades e faculdades têm que possuir obrigatoriamente, para que seus cursos sejam autorizados pelo MEC, bibliotecas universitárias, que por sua vez devem ter em seus acervos a bibliografia básica das disciplinas dos cursos que possuem. Assim sendo, um aluno de qualquer curso de licenciatura deveria ter a biblioteca de sua universidade como referência para sua formação. Quem sabe assim, não seria tocado pela necessidade de ter uma pequena biblioteca de área em sua própria casa?

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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

29 DE OUTUBRO – DIA NACIONAL DO LIVRO

Você sabe por que 29 de outubro foi escolhido para ser o Dia Nacional do Livro? É que nesse dia, do ano de 1810, o Brasil ganhou a sua primeira biblioteca! A Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil e se tornou a Biblioteca Nacional.

 O acervo chegou antes, em 1808. Era composto por cerca de 60 mil peças incluindo livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas. Como a bilbioteca ainda não estava pronta, as obras ficaram guardadas no Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, no Rio de Janeiro.

 Quando os livros foram transferidos para a sua casa oficial, a Biblioteca Nacional foi inaugurada. Mas ela só foi aberta ao público em 1814.

 Em 1910, a Biblioteca passou a ter uma nova sede. Hoje, segundo a Unesco, a Biblioteca Nacional, situada na Avenida Rio Branco, 219, no centro da cidade do Rio de Janeiro, é a maior biblioteca da América Latina e a oitava maior do mundo.

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EX-ANALFABETA FAZ CAMPANHA PARA AMPLIAR BIBLIOTECA CRIADA POR ELA NICE, COMO É CONHECIDA, ABRIU ESPAÇO EM 2005, COM CERCA DE 800 LIVROS.

HOJE, AS 3 SALAS ACUMULAM QUASE 4,5 MIL PUBLICAÇÕES E 60 VISITANTES DIÁRIOS


Cleonice da Silva era dona de casa e tinha uma filha adolescente. Estava preocupada com a violência na comunidade onde mora, Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro, no Recife. O ano era 2005, quando, por meio de um trabalho com idosos, conheceu a diretora de uma escola mantida pela Universidade de Pernambuco (UPE), que lhe deu uma boa ideia para superar a angústia no peito. Mesmo sem sabe ler ou escrever, Nice, como é conhecida, abriu uma biblioteca comunitária.

 Os livros vieram de doações de professores e alunos da universidade, cerca de 800, no total. O aluguel do espaço era pago com dinheiro que Nice conseguia vendendo doces e salgados. O imóvel foi reformado com ajuda de parceiros que conseguiu junto com a UPE. Sete anos depois, a iniciativa colhe frutos. O local está sempre lotado de crianças, que preferem pegar um livro a ficar de bobeira na rua. Hoje, a luta é para ampliar o espaço. O novo prédio já começou a ser construído, a poucos metros da sede atual, mas falta dinheiro para concluir o sonho.

 Não cabe mais nada na Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares, que ocupa pouco mais de 30 metros quadrados. Nem livros - atualmente, são quase 4,5 mil que lotam estantes e caixas -, nem a garotada, já que o espaço registra uma média de 60 visitas por dia. Kemilly Silva, 8 anos, é frequentadora assídua. Acabou de ler "O Pequeno Polegar" e sabe contar a história todinha. "Minha mãe diz que eu estou ficando mais esperta agora", orgulha-se.

Leitura x violência

O local abre nos três turnos, de segunda a sexta-feira. O imóvel tem apenas três salinhas para acomodar tudo e todos, e um banheiro. Não há ar-condicionado. Ninguém paga nada para pegar um livro emprestado. Basta fazer o cadastro e devolver o empréstimo no prazo de uma semana. Quase não há atrasos na entrega. Para pegar outra obra, só estando com a ficha limpa.

 Nice também conhece todo mundo na comunidade, mora lá há 40 anos, é capaz de buscar o livro na casa da pessoa se houver atraso. E foi por gostar tanto de Caranguejo Tabaiares que ela resolveu montar a biblioteca. "Aqui, naquela época, morriam três, quatro adolescentes por mês, fora o crack. Me preocupava, isso. Os meninos largavam da escola e iam para rua, não tinham opção. Vinha um traficante e pronto. Agora, muitos passam horas aqui, e a violência diminuiu muito", acredita.

 Nice tem 55 anos e conta que, há cerca de cinco, começou a estudar. "Minha família era pobre, e tive que trabalhar para sustentar minha filha. Às vezes pensava, 'e se alguém pedir para eu ler alguma coisa, eu não vou saber'. Agora, sei ler e escrever. Gosto mais de livros de receita, já que trabalho cozinhando", afirma.

 A biblioteca tem livro de receitas, mas o forte é literatura infantil. É por essas prateleiras que Danrley Silva, 15 anos, busca a próxima leitura. Desde criança frequenta o espaço. Um dos livros de que mais gostou foi "O Patinho Feio". "[Gostei porque] É uma história humilde, como a minha. Aprendi que não vale julgar ninguém pelas aparências, como já aconteceu comigo, por morar aqui", ensina. "Peter Pan" também está na lista dos favoritos. "É que mostra um mundo diferente do meu, cheio de aventuras", explica.

Voluntários

Nove pessoas trabalham na biblioteca. Eles dividem cinco bolsas de incentivo. Nem vale a pena dizer quanto fica para cada um. O que vale mesmo é o amor que têm pelo trabalho. É por isso que Mayara Silva, 19 anos, está lá, todos os dias, fazendo de tudo um pouco, há quatro anos. "Adoro contar histórias para as crianças, e tem umas que realmente cativam a gente. Sabemos que em casa apanham, sofrem violência, mas vêm aqui se divertir", comenta.

 Mayara adora ler Pedro Bandeira. O livro "A Marca de Uma Lágrima" é o predileto dela. A jovem faz cursinho pré-vestibular, quer tentar uma vaga em Biblioteconomia ou Design Gráfico. Imaginem o por quê? "É que aqui eu organizo o acervo e também mantenho o blog da biblioteca", conta, aos risos.

 A estudante de Pedagogia Jully Almeida também trabalha no local e desenvolve um projeto bem bacana: um intercâmbio com a biblioteca de Rua de Nantes, em Paris. "Os franceses mandam livros para cá e o meninos daqui produzem material para eles. É muito legal. Adoro contar histórias em francês para eles. Já produzimos até uma peça", disse.

 Para isso, Jully está aprendendo a língua estrangeira e aproveita para ensinar às crianças, como Kaylane Milet, 9 anos. "Já sei contar números, perguntar 'comment tu t'appelles?' [como você se chama?], falar bonjour [bom dia], várias coisas. Às vezes me 'amostro' um pouqinho, mas só para meus pais", entrega Kaylane.
Lentidão nas obras

 O novo espaço para a Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares já tem terreno e as obras começaram, mas se arrastam com dificuldades ao longo de mais de um ano. Faltam materiais de construção e dinheiro para custear a mão de obra, valor estimado em R$ 200 mil. O imóvel está sendo construído junto com o Clube dos Idosos Unidos Venceremos, que pertence à mesma comunidade e também vai usar o espaço para as suas atividades.

 Para doar materiais de construção, é possível em contato com a empresa M5 Contabilidade e Consultoria Empresarial, que funciona no mesmo bairro, e resolveu organizar uma campanha que segue até dezembro de 2012. O telefone é (81) 3231-4708.

 Doações em dinheiro podem ser realizadas com depósito na conta poupança do Clube de Idosos Unidos Venceremos: Banco do Brasil, agência 1833-3, Conta-poupança 24.332-9, variação 51. Outras informações estão disponíveis no blog da biblioteca.

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