segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Brasileiro edita páginas da Wikipédia desde os 14 anos

Dividir ‘conhecimento’ está entre as motivações de Vinícius Siqueira, um dos 15 mil editores da enciclopédia no País
Por Redação Link
Pedro Caiado /
ESPECIAL PARA O ESTADO
Páginas como a da presidente Dilma Rousseff só podem ser editadas por ‘veteranos’ da Wikipédia.  FOTO: Reprodução
LONDRES – Existem 15 mil brasileiros trabalhando voluntariamente para a Wikipédia. Eles são uma comunidade ativa, que edita em torno de 200 mil páginas diariamente. Vinícius Siqueira, de 22 anos, é editor do site desde os 14 anos. “O que me motiva é compartilhar conhecimento de forma livre”, disse ele ao Estado, por telefone.
O estudante de medicina edita assuntos do seu dia a dia. “É uma técnica de aprendizado para mim. Esse é um compromisso pessoal com o acesso livre ao conhecimento”, defendeu ele.
Perguntado quais são as páginas mais vandalizadas do Wikipedia em português, ele explica que várias tem que ser trancadas. Somente administradores ou usuários registrados podem editá-las. “Entre as protegidas estão assuntos como ‘bunda’, as de celebridades como Luan Santana e Justin Bieber, e de políticos como Dilma Rousseff e Lula”, disse o jovem que já dedicou parte de suas férias editando artigos do Wikipédia.
“Um vandalismo muito óbvio, como um palavrão, não dura segundos antes de ser retirado”, ele explica. “E você pode acessar o histórico de todas as edições de uma mesma página.” O cargo de editor é considerado como de grande responsabilidade. “Os assuntos tem de ser abordados de forma imparcial”, disse.
Vinicius explica que há maneiras de monitorar a qualidade dos artigos. “Há uma parte chamada ‘mudanças recentes’, em que você consegue ver todas as edições feitas nas páginas em português.”
Segundo ele, quem faz o monitoramento de artigos conhece as regras da Wikipédia, mas não é necessariamente um profissional da área. “Você não precisa ser médico para editar páginas relacionadas à medicina”, afirmou, dizendo que as fontes é que cedem as informações, e que cabe aos editores catalogá-las. Para ele, a Wikipédia funciona de forma democrática. “Você tem que ter aprovação da comunidade para ter acesso a certas ferramentas.”
Em uma rápida analise das páginas dos candidatos a presidência, incluindo a do recém-falecido Eduardo Campos, Vinicius dá sua opinião. “Estão todas de acordo com os padrões do Wikipédia. Acho que somente a do Campos merecia mais fontes, mas talvez seja pelo momento”, disse.
Fonte: O Estado de São Paulo - 18 de Agosto de 2014 - Caderno LINK

Entrevista: ‘Lojas de livros não conseguirão sobreviver’

Jason Merkoski, ex-evangelista da Amazon, diz que livros de papel se tornarão raros como discos de vinil
Por Ligia Aguilhar
SÃO PAULO – “As pessoas da Amazon não se importam realmente com o que você quer como consumidor.” A frase soa surpreendente ao sair da boca de Jason Merkoski, primeiro evangelista (responsável por disseminar novas tendências) da Amazon e um dos membros da equipe que desenvolveu o primeiro leitor de livros digitais Kindle, lançado em 2007.
Jason Merkoski trabalhou no desenvolvimento do primeiro Kindle e é autor do livro “Burning the page: The eBook Revolution and the Future of Reading”. FOTO: Divulgação
Fundador da startup Bookgenie451, criadora de um software que identifica interesses de leitura de estudantes para recomendar livros didáticos, Merkoski mistura otimismo com alguma cautela quando o assunto são livros digitais.
Na quinta-feira, 21, ele vem ao Brasil participar do 5º Congresso Internacional CBL do Livro Digital, em São Paulo, no qual vai falar sobre a sua obra Burning the page: The eBook Revolution and the Future of Reading (ainda sem título em português), na qual decreta o fim do livro impresso.
Ao Link, ele deu mais detalhes sobre as mudanças e problemas que prevê para o mercado editorial. Confira os principais trechos.
Você decreta o fim dos livros impressos em sua obra, mas as vendas de tablets e leitores digitais começam a se estabilizar sem que isso tenha acontecido. O que falta para o livro digital se popularizar?
O que mais influencia a popularidade é a seleção de títulos. O que vimos acontecer nos EUA e Japão é que, uma vez que as pessoas consigam encontrar 80% dos títulos que buscam no digital, a chance delas migrem para e-books é de 100%.
Quanto tempo demora para essa mudança acontecer?
Cerca de três anos depois que os livros digitais estão disponíveis em um país.
Serviços de streaming podem ajudar nessa popularização?
O problema de serviços de streaming como o da Amazon é que eles têm vários livros no catálogo que as pessoas não querem ler. Um dos desafios é definir um modelo de preços para e-books, que hoje não existe. Até isso ser feito será difícil tornar o streaming uma experiência satisfatória e o seu custo sustentável.
Você esperava esses impactos quando ajudou a criar o Kindle?
Como indústria, acho que revolucionamos o mercado editorial, o que é assustador e maravilhoso ao mesmo tempo. Como dono de uma empresa de livros digitais, digo que é muito difícil trabalhar com editoras hoje, porque o mundo delas está em colapso. É como se elas estivessem no Titanic após bater no iceberg, sem coletes salva vidas, com o barco pegando fogo e naves alienígenas atirando contra o barco. As editoras estão confusas e com medo.
Teremos problemas com a coleta e uso de dados sobre nossos hábitos de leitura?
Certamente. Não vai demorar para começarmos a ver propagandas dentro dos e-books. Mas não estou realmente preocupado com o que a Amazon e o Google vão saber sobre mim porque acho que já aceitei que, inevitavelmente, eles saberão das coisas de algum jeito.
Esses dados também geram recomendações de leitura. Essa facilidade pode ter um lado ruim, como afastar o leitor de clássicos em prol de best-sellers?
Algum conteúdo poderá ser negligenciado com toda certeza. O problema de livros clássicos é que eles não são sexy e não são promovidos na página de entrada da Amazon porque a empresa não vai ganhar dinheiro com eles. O que menos gosto da virada do livro para o digital é a cultura do momento. Recomendamos apenas coisas atuais. Ferramentas de recomendação precisam melhorar.
Você já declarou em entrevistas que é difícil amar a Amazon…
Acho que o papel das empresas maiores não é estar na minha cara enquanto eu estou lendo. Elas podem ser mais sutis e acredito que esse é um papel que a Amazon faz mal. Hoje os varejistas conseguem aprender quem você é. Seria interessante se essas informações fossem repassadas para as editoras criarem conteúdo. Mas os varejistas retêm todos os dados. É por isso que o sistema está quebrado.
O que acontecerá com a palavra escrita?
Eu realmente acho que o futuro da palavra escrita é ser falada, porque a escrita é devagar. Os livros do futuro serão falados porque tudo gira em torno da fala hoje em dia. Aparelhos como o iPhone, com a Siri, permitem que você fale ao telefone o que você quer fazer.
Acredita que bibliotecas e livrarias vão mesmo acabar?
Não acho que o futuro será bom. Meus estudos mostram que nos últimos três anos os alunos gastaram 70% menos tempo nas bibliotecas das universidades. Onde eles estão pegando informação? Na Wikipédia ou em sites. As lojas de livros não conseguirão sobreviver e vão desaparecer. Sobrarão apenas algumas, especializadas em livros impressos, como as que vendem discos de vinil. Vão permanecer no mercado Google e Amazon, infelizmente. Conheço as pessoas da Amazon. E elas não se importam com o que você quer como consumidor. Elas se importam em como conseguir mais lucro. Uma maneira de fazer isso é empurrando livros populares, negligenciando outros. E infelizmente as pessoas vão aceitar. A curadoria de títulos está na mão dos varejistas.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 18.08.2014 - Caderno ECONOMIA - pág. B11

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Excesso de documentos é principal entrave para exportação, dizem empresários

Empresários do Pará OS brasileiros , uma QUANTIDADE de Documentos exigida Pelos Órgãos de Controle alfandegário E Excessiva. Disso de Além, um DOS Agilidade Serviços Deixa a desejar. O Quadro FOI POR revelado Pesquisa Feita Pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). According to o Levantamento, o Excesso de Documentos FOI considerado o entrave diretor parágrafo Exportar POR 53,27% DOS Participantes. Em Segundo Lugar, ficou uma baixa Agilidade parágrafo Análise da Documentação, mencionada EM 41,89% Das respostas. Em Terceiro, um Demora na vistoria e Inspeção, mencionada POR 37,77%. 

Os Executivos also reclamaram da Falta de Comunicação Entre OS Órgãos, apontada Como hum Problema los 25,42% Das respostas. Uma das Consequências Dessa falha E Que da muitos solicitam Dados e Documentação repetidos, Fator indicado Como problematico los 12,83% Das respostas.
O Nummer do Médio de Órgãos Pelos cais Quais d'Orsay O Processo de para Exportação desen passar E 4,3, ea Grande Das Empresas maioria (94,5%) Sistema CONTRATA Serviços de despachantes parágrafo LIDAR com a burocracia. O Órgão Mais citado Como tendão Impacto Negativo NAS Exports was a Receita Federal, EM 46,11% Das Vezes, seguido Pelo Ministerial rio  de Minas e Energia, COM 40% Das menções, ea Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), EM CITADA 38,3% Das respostas. 
"Pesquisas frequentemente colocam o Brasil Como hum dos countries Mais custosos parágrafo LIDAR com informações Coes tributárias e OUTROS TIPOS de burocracia ", Disse o economista Marcelo Azevedo, Especialista los Políticas de Indústria da CNI. Segundo elemento, EM alguns Setores da Economia, a QUANTIDADE de Órgãos Pelos cais Quais d'Orsay o PRODUTO DEVE passar um Fim de serviços liberado parágrafo Exportação Chega um SEIS. "JA TEM Excesso [de Documentos solicitados] individualmente. Você. AINDA soma Vários Órgãos e FICA Pior ", comenta. 
Segundo elemento, a solicitação de Informações e Documentos repetidos also E hum desestímulo Significativo. "[O Empresário] preenche o MESMO dado parágrafo Órgãos Diferentes. Formulários dez los Opaco Você. preenche o CNPJ dezenas de Vezes. A Comunicação Entre OS Órgãos Seria importantíssima. Mas se CADA Órgão simplificar e reduzir a exigência, JA melhora ", comenta. A Pesquisa da CNI, divulgada Este Ano, ouviu 640 Empresários between 2012 e 2013.
Fonte: www.jb.com.br 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Não há dinheiro que baste

12 de março de 2014 | 2h 10

JOSÉ RENATO NALINI - O Estado de S.Paulo
 
Um dos desafios que o gigantismo da Justiça paulista enfrenta é a guarda de seus processos findos. A constatação de que há 83 milhões de autos em arquivo é de eloquente dramaticidade para quem tem o dever de cuidar de sua guarda e conservação - 370 mil são os processos tramitados até 1940, insuscetíveis de descarte, pois considerados todos como de valor histórico; 13 milhões foram produzidos de 1941 a 1986, sem nenhum cadastro no sistema informatizado; e 70 milhões de processos se originaram a partir de 1987, estes com algum tipo de registro de dados.

A guarda de tal acervo implica dispêndio de vultosa quantia, dinheiro do povo. Numa equação singela de custo-benefício, a urgência de modernização estrutural e aperfeiçoamento da prestação jurisdicional clamaria por prioridade em cotejo com a obrigatoriedade de conservação de ações que já surtiram seus efeitos na Justiça.

O Tribunal de Justiça (TJSP) destina atualmente mais de R$ 3,276 milhões mensais para a guarda desses processos. Ou seja, quase R$ 40 milhões anuais empregados na conservação de arquivo morto. Só que a necessidade de cadastramento dos 83 milhões demandaria mais de R$ 9 milhões por mês ou quase R$ 110 milhões por ano!

O Poder Judiciário de São Paulo não dispõe de dinheiro para satisfazer essa demanda. Primeiro porque, a despeito da explicitude do artigo 99 da Constituição da República, repetido no artigo 55 da Constituição do Estado, carece de autonomia financeira. A peça orçamentária é ordinariamente mutilada pelos órgãos de planejamento e não se vislumbra perspectiva de alteração desse quadro. Depois porque, se dispusesse de numerário, investiria prioritariamente na informatização, processo irreversível e que no futuro o liberará do uso do suporte papel. Entre atender à demanda crescente e manter arquivo de demanda encerrada, qual a opção do gestor consciente?

O TJSP não declina de sua responsabilidade na gestão documental. Mas é de fácil reconhecimento a circunstância de não serem suscetíveis de arquivo perpétuo, por sua historicidade, todos os processos arquivados. A imensa maioria poderia ser descartada sem prejuízo para quem quer que seja.
O surrado argumento de que o conselheiro Rui Barbosa destruiu a documentação relativa à escravidão é aqui de evidente demasia. Qual o interesse em manter perpetuamente arquivados os inquéritos policiais que não geraram processo-crime, ações contra concessionárias de serviço público ou bancos, ações de despejo, ações ordinárias de cobrança e tantas outras lides terminadas?
Depois de um esforço hercúleo de servidores públicos auxiliados por estagiários dos cursos de bacharelado em História e Direito, o TJSP conseguiu examinar um conjunto de 10 mil processos ao longo de dez meses. Daí resultou que 4.272 processos poderiam ser descartados e 5.728 precisariam ser temporariamente conservados. Se esse ritmo viesse a merecer continuidade, o cadastramento dos 83 milhões de processos chegaria a 227 anos, segundo o mais otimista dos cálculos.

É óbvio que São Paulo precisa de alternativa para cuidar desse tema, que aflige os responsáveis pelos destinos da Justiça. A Recomendação 37/2011 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dificilmente poderá ser observada de maneira rígida e inflexível, salvo se o CNJ reservar também a quantia necessária para seu cumprimento. A alternativa mais consentânea seria a conclamação de todos os interessados - universidades, institutos históricos, arquivos públicos, ONGs, escritórios de advocacia e mesmo as partes - a retirarem os processos findos de seu interesse em custódia. Após ampla divulgação, em editais reiteradamente publicados, a entrega se daria mediante um termo de depósito para fins de identificação da responsabilidade pela guarda. Os processos sobre os quais ausente qualquer busca poderiam ser reciclados. 

Os números impressionantes da Justiça paulista precisam merecer tratamento singular desse órgão do Poder Judiciário, que tem a missão de planejar o futuro do equipamento estatal encarregado de solucionar os conflitos humanos.

É certo que a maioria desse acervo não interessa à História nem a ninguém. Parcela considerável dos intervenientes em tais demandas já deixou esta existência e não deixou sucessores. Demandas menores, questões singelas, só por amostragem poderiam merecer arquivamento.

Um país carente de moradias, escolas, creches, de inúmeras dependências úteis para facilitar a vida das pessoas não pode despender recursos financeiros, cronicamente insuficientes, para a guarda de papel usado. A posteridade seria severa ao julgar nossas atitudes, ao verificar que não nos indignamos com semelhantes a ocupar as ruas, com a proliferação dos sem-teto, enquanto investimos o suado dinheiro do contribuinte na preservação de documentos que consubstanciam conflitos já resolvidos.
Não é desarrazoado lembrar que nós, seres humanos, tornaremos ao pó. Naturalmente ou por cremação, segundo a vontade pessoal ou de quem tiver a incumbência triste de cuidar de nossos restos mortais. Por que o papel mereceria destino mais nobre? Se o próprio homem tornará ao pó, mais do que racional reservar a processos judiciais findos a finitude natural do que não nasceu para a perenidade.

Obrigar a Justiça a conferir caráter de infinitude a tudo o que já examinou, sobre o que já fez incidir a vontade concreta da lei e deu a resposta possível, não se mostra plausível. Ao menos num contexto circunstancial em que faltam valores para custeio, sendo ausente qualquer quantia para investimento, e impõe ao Judiciário um regime de contenção e de crescentes restrições, sem o qual ela enfrentará o caos. 

Clama-se por bom senso, ponderação e criatividade para que o valor preponderante mereça tutela, com justificável prejuízo do que se mostra acessório ou, em grande parte, verdadeiramente supérfluo.

PRESIDENTE DO TJSP

Fonte: www.estadao.com.br em 12.03.2014