segunda-feira, 24 de setembro de 2012

JORNAIS E REVISTAS ANTIGOS SÃO DIGITALIZADOS PELA BIBLIOTECA NACIONAL

São Paulo – A  Fundação Biblioteca Nacional criou a Hemeroteca Digital, um vasto acervo digital de publicações impressas antigas que datam desde o começo do século XIX. Desde julho as digitalizações podem ser acessadas gratuitamente. São cerca de cinco milhões de páginas de jornais, revistas, anuários e boletins que marcaram a história da imprensa do país.

Ângela Bittencourt, coordenadora da Biblioteca Nacional Digital e responsável pelo projeto, explica que a digitalização dos acervos é importante, principalmente, por duas causas que dão a razão de ser da Biblioteca Nacional: a preservação dos documentos e o maior acesso a eles. “A preservação e o acesso à memória documental brasileira são as missões da Biblioteca, e o jornais fazem parte importantíssima dessa memória”.

Ela ressalta que as documentações digitalizadas podem ser consultadas sem serem manuseadas, o que poderia causar danos aos impressos. “Dar acesso para alguém manusear o jornal é ir contra a preservação”, diz.

Outro fator que deve ser levado em conta é democratização dos acessos por parte da população. “Há a superação de limites geográficos. Qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar do mundo pode acessar esses documentos”.

Para a realização do projeto, R$ 6 milhões foram financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que financia e apoia iniciativas de inovação tecnológica.

A microfilmagem, uma tecnologia de digitalização mais adequada ao frágil material com que os jornais eram feitos, possibilita uma maior velocidade ao ritmo de digitalizações: O número pode chegar a 30 mil por dia.

Segundo a coordenadora do projeto, até o final do ano cerca de 10 milhões de páginas devem compor o acervo.

No portal (www.hemerotecadigital.bn.br), a ferramenta de pesquisa por palavra é uma inovação, ressalta Ângela. “A pesquisa por palavras no arquivo completo facilita muito a pesquisa dos internautas”. Lembrando das diferenças da grafia antiga para a atual, Ângela lembra que, em breve, o portal contará com um dicionário de época, que mostrará as equivalências entre as palavras escritas de forma diferente.

À frente do projeto estão 21 pessoas que compõem uma equipe interdisciplinar. São historiadores, arquivistas, bibliotecários, técnicos em fotografia e literatos, que além de se encarregarem das digitalizações, produzem artigos sobre os impressos antigos, contextualizando historicamente a trajetória de cada um. Este conteúdo também está disponível no site da Hemeroteca.

Todos os impressos que estão sendo digitalizados são do arquivo da Biblioteca Nacional, que, segundo Ângela, possui o maior acervo de periódicos no país. Os mais antigos, já disponíveis na para consulta, são o Correio Braziliense, considerado primeiro jornal brasileiro, publicado em 1808 como oposição à coroa portuguesa, e a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso no Brasil, também de 1808.

O projeto da Hemeroteca foi iniciado no começo do ano passado. O Jornal do Brasil , disponível apenas em versão online desde 2010, terá até o final do ano suas edições digitalizadas e será a publicação mais recente do acervo.

Outras publicações disponíveis para consulta são: O Espelho, Reverbero Constitucional Fluminense, O Jornal das Senhoras, O Homem de Cor, Marmota Fluminense, Semana Illustrada, A Vida Fluminense, O Mosquito, A República, Gazeta de Notícias, Revista Illustrada, O Besouro, O Abolicionista, Correio de S. Paulo, Correio do Povo, O Paiz e o Diário de Notícias

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FILHO DE RENATO RUSSO ASSUME LEGADO DA JÁ LENDÁRIA BANDA LEGIÃO URBANA




Cabeça dura, teimoso, empreendedor, excelente para começar projetos, para colocar fogo nas ideias. O produtor Giuliano Manfredini enumera assim as características do seu signo, Áries, o mesmo do seu pai, Renato Manfredini, o Renato Russo. O pai de Giuliano morreu quando este tinha 7 anos, e ele, que completou 23 anos em março, acaba de assumir o que chama de "espólio intelectual" do seu velho (até então, era a mãe do cantor, avó de Giuliano, que geria tudo).

Não é pouca responsabilidade: foram cerca de 25 milhões de discos vendidos em 14 anos de atividade, números de megagrupos como Oasis ou The Cure. A Legião Urbana foi (e continua sendo) um dos maiores fenômenos da música na América Latina. Manfredini já assume com o desafio de coordenar a celebração dos 30 anos da banda, que começa neste final de ano com a estreia do longa-metragem Faroeste Caboclo, com Isis Valverde, a Suélen, no papel da Maria Lúcia da canção.

Giuliano chama a atenção por ser quase uma antítese do pai. Nunca responde uma pergunta de bate-pronto, sempre inicia com uma palavra que, não raro, substitui por outra que considera mais adequada. É superponderado. Renato Russo era uma metralhadora verbal (há episódios em que xingou críticos de "bichas mal-amadas"), atacava detratores ferozmente. Algumas vezes, quando o tema é mais controverso, Giuliano pede delicadamente: "Me preserve disso, tá bom?" Não deixa nem o interlocutor terminar a pergunta para assegurar que não vai respondê-la.

"Não sou careta, mas não bebo. Sou tranquilo. Sou espírita kardecista, e o que mais gosto de fazer é ir ao cinema e ler. Também adoro comer o melhor da baixa culinária", diz rindo o produtor, num perfil relâmpago de si mesmo. Não namora atualmente, diz. Aos 21, namorava Anna Cecília, mas acabou. "É tudo fortuito. Ainda não achei a pessoa certa, vai demorar um pouco. Até porque estou assumindo a Legião, tô muito focado."

Ele diz que seu comportamento low profile também é parte de sua responsabilidade como condutor do legado da banda. "Os papéis se invertem. Ele era um criador, um artista, e eu tenho outra função: cuidar, preservar, difundir", explica o rapaz, que vive em Brasília, mas procura apartamento em São Paulo - acredita que na capital paulista as condições são mais adequadas para desempenhar melhor sua função.

Giuliano está trabalhando em uma infinidade de projetos relacionados à Legião. Em maio, ele se mostrou contrariado com a iniciativa dos outros dois remanescentes da banda, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, de reunirem a banda em torno do ator Wagner Moura para um show da MTV, em São Paulo. Ele é atualmente o dono de 100% da marca Legião Urbana, e ninguém pode realizar nada relacionado ao seu legado sem pedir autorização a Giuliano. Na época, ele disse: "Nenhuma obra em conjunto pode ser decidida unilateralmente".

O produtor estuda modelos para criar o Instituto Renato Russo, uma instituição que será voltada para ações de apoio e conscientização de dependentes de drogas. Ele diz que a própria agonia final do pai, que foi alcoólatra e usava drogas, o motivou a criar o instituto. Às vezes, quando estava em Brasília, Renato abusava de alguma substância e ia dormir em casa de amigos, para que o filho não visse o seu estado.

Outro fato que o motivou a criar o Instituto Renato Russo foi a revelação, pela TV, de que o antigo baixista da banda, Renato Rocha, o Negrete, estava vivendo como sem-teto no Rio de Janeiro. "Meu pai adorava o Negrete. Eram muito amigos, e ele não deixaria que ele terminasse assim. Eu vou fazer o que meu pai faria, vou tentar ajudá-lo", disse.

"A Legião Urbana é uma empresa, e foi criada por meu pai. Temos advogados, estrutura de comunicação, marketing, planejamento. Mas a maneira que eu lido com isso tudo é mais terna, mais familiar. Não gosto de gritar ordens. Acredito que a forma como se relaciona com as pessoas muda até a qualidade do trabalho", afirma Manfredini, que também é dono da produtora Mundano.

Giuliano não gosta de falar da parte materna de sua família. Sabe-se que sua mãe, Raphaela Manoel Bueno, era uma moça de origem humilde da Ilha do Governador. Giuliano foi adotado por Renato Russo e criado pela avó materna, Maria do Carmo, a Carminha. Em 2004, houve um processo judicial movido pela família da mãe, mas os pais de Renato Russo ganharam na Justiça o direito de manter a guarda do garoto até sua maioridade. Renato vivia no Rio de Janeiro, mas Giuliano conta que o pai nunca o deixou largado.

"Vinha sempre me visitar, escondido. Me protegia do assédio, passeávamos. Ele me fazia ver filmes repetidamente, e me ensinava a ler livros. Lembro muito dos Natais em família, a gente ia para o apartamento dele no Rio, eu era muito amado. Vim muito novo para Brasília, mas ele dava o norte de como eu deveria ser criado", conta. O resultado é quase um anti-Renato Russo. "Quero casar, ter família, sou desse tipo de cara." No início, Giuliano até que teve pretensões artísticas. Tocou guitarra numa banda de rock chamada Síndrome, mas logo jogou a toalha nas pretensões de ser artista e passou para o outro lado do balcão. Está no sétimo semestre de Direito e também termina o curso de Administração.

Renato Russo teve dois grandes amores em sua vida, lembra Giuliano. "Um menino e uma menina", brinca, lembrando da letra do pai. O primeiro foi a nipo-brasileira Suzy, um namoro de juventude. "Meu pai me apresentou a ela, é um doce de pessoa. Está casada, vive em Brasília." Depois, namorou o americano Robert Scott Hickmon, que conheceu em Nova York (e vive atualmente em São Francisco).

Toda a história de Renato Russo está agora nas mãos de Giuliano. "Meu pai deixou um universo a ser descoberto. E eu vou organizar isso. Cada um que o descreve mostra apenas um lado. Mas não há uma verdade única", pondera.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO GANHA IMPORTÂNCIA E AMPLITUDE

O jornalista e relações públicas Richardt Rocha Feller foi um dos 33 conferencistas que participaram do "Contec Brasil, Conferência Internacional Tecnologia, Cultura e Alfabetização: formando Leitores do Futuro", que se realizou dias 7 e 8 de agosto no Auditório Ibirapuera por onde passaram cerca de 800 pessoas.

Na palestra sobre o futuro da transferência de conhecimento, ele afirmou que o papel do bibliotecário está sendo resgatado e vem ganhando importância e amplitude. A redação do BOBNews solicitou a ele que desenvolvesse um pouco mais sua opinião. Abaixo, a íntegra de sua resposta, com exclusividade:

"Diferente do que se imaginava, o papel do bibliotecário vem ganhando importância e amplitude diante da revolução que o livro está passando. Ele assume hoje o papel de agente decisor na seleção e indicação de conteúdos e formas de acesso. Como se localizar num mar de informação disponibilizado em multiformatos e multiplataformas? Como transformar a informação acessível e palatável aos usuários? Como manter seu acervo atualizado e competitivo diante da concorrência de audiência de seus usuários? Como medir com precisão o uso que seus usuários estão efetivamente fazendo de toda informação disponibilizada, para justificar novos ou manter investimentos? Estamos num tempo em que nunca se publicou tanto. O problema óbvio é que nunca se publicou tanto lixo. Se recordarmos, não mais que 20 anos, o empenho necessário para conceber um livro, falando apenas de sua dimensão gráfica. Indispensável tiragem mínima de 3.000 exemplares e investimento pesado na formação de um catálogo de uma Editora, para uma distribuição regional, no máximo nacional. Muito diferente da realidade atual, invadida com sistemas sofisticados de distribuição mundial, a um custo muito baixo e até gratuito. Ainda continua-se reconhecendo qualidade garantida por processos editoriais rígidos. A Minha Biblioteca é um exemplo ao manter um portfólio sólido de livros universitários, construído por selos tradicionais formados pelas Editoras Saraiva, Atlas, Grupo Gen e Grupo A, e disponibilizando este conteúdo em formatos digitais de alta tecnologia. A tecnologia é o meio. Não se pode perder o foco na qualidade e relevância da informação".

* Richardt Rocha Feller, Diretor executivo da Minha Biblioteca (plataforma brasileira de livros digitais formada por um consórcio de editoras), jornalista, relações públicas e especialista em Dinâmica da Informação.

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LITERATURA: MAIOR PREOCUPAÇÃO É A FLEXIBILIZAÇÃO DO DIREITO AUTORAL

RIO - O mercado editorial torce para que Marta Suplicy dê continuidade ao trabalho de Ana de Hollanda com relação aos direitos autorais. — Se a Ana não tivesse pedido revisão (do projeto proposto por Gil e Juca Ferreira), a lei já teria sido aprovada, e a difusão e a produção intelectual teriam sido dizimadas neste país. Não se pode ser tão flexível quanto estava sendo proposto. Espero que a Marta consiga visualizar isso — diz Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro, que afirma estar “bem otimista”. — Estive com Marta Suplicy na posse e ela disse: “Livro muito me interessa.”

— A expectativa é que Marta tenha a tranquilidade de ouvir os envolvidos e não siga no caminho de flexibilização, totalmente contrário aos interesses do setor — concorda Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que, no entanto, mostra preocupação com a Feira de Frankfurt, em 2013, quando o Brasil será o país homenageado. — Há uma comissão organizadora que vem trabalhando nisso. Tenho medo de retrocesso. Se trocar os envolvidos, tudo volta à estaca zero.

Diretora da Estação das Letras, a educadora e produtora cultural Suzana Vargas diz:

— Nos últimos anos, muito tem sido feito em prol da cadeia produtiva do livro. Distribuição em escolas com programas de compras governamentais eficientes e ótimas seleções, bibliotecas abrindo, feiras e salões do livro pipocando. Programas de incentivo à criação literária e a desoneração fiscal são ações que só podem ajudar o livro a chegar mais facilmente ao leitor. Talvez seja hora de pensar na capacitação dos professores e numa real preocupação com a qualidade da leitura que está sendo feita.

Karine Pansa diz que 75% dos brasileiros nunca entraram numa biblioteca:

— Acham que é lugar de estudo, de silêncio. Mas as bibiotecas não podem ser só lugar de pegar livro emprestado, têm que estar mais bem aparelhadas e com acervos novos, com horários flexíveis, contação de histórias, grupos de discussão, teatro. Temos que proporcionar o acesso mais barato, mais fácil e mais interativo ao livro.

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