sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO GANHA IMPORTÂNCIA E AMPLITUDE

O jornalista e relações públicas Richardt Rocha Feller foi um dos 33 conferencistas que participaram do "Contec Brasil, Conferência Internacional Tecnologia, Cultura e Alfabetização: formando Leitores do Futuro", que se realizou dias 7 e 8 de agosto no Auditório Ibirapuera por onde passaram cerca de 800 pessoas.

Na palestra sobre o futuro da transferência de conhecimento, ele afirmou que o papel do bibliotecário está sendo resgatado e vem ganhando importância e amplitude. A redação do BOBNews solicitou a ele que desenvolvesse um pouco mais sua opinião. Abaixo, a íntegra de sua resposta, com exclusividade:

"Diferente do que se imaginava, o papel do bibliotecário vem ganhando importância e amplitude diante da revolução que o livro está passando. Ele assume hoje o papel de agente decisor na seleção e indicação de conteúdos e formas de acesso. Como se localizar num mar de informação disponibilizado em multiformatos e multiplataformas? Como transformar a informação acessível e palatável aos usuários? Como manter seu acervo atualizado e competitivo diante da concorrência de audiência de seus usuários? Como medir com precisão o uso que seus usuários estão efetivamente fazendo de toda informação disponibilizada, para justificar novos ou manter investimentos? Estamos num tempo em que nunca se publicou tanto. O problema óbvio é que nunca se publicou tanto lixo. Se recordarmos, não mais que 20 anos, o empenho necessário para conceber um livro, falando apenas de sua dimensão gráfica. Indispensável tiragem mínima de 3.000 exemplares e investimento pesado na formação de um catálogo de uma Editora, para uma distribuição regional, no máximo nacional. Muito diferente da realidade atual, invadida com sistemas sofisticados de distribuição mundial, a um custo muito baixo e até gratuito. Ainda continua-se reconhecendo qualidade garantida por processos editoriais rígidos. A Minha Biblioteca é um exemplo ao manter um portfólio sólido de livros universitários, construído por selos tradicionais formados pelas Editoras Saraiva, Atlas, Grupo Gen e Grupo A, e disponibilizando este conteúdo em formatos digitais de alta tecnologia. A tecnologia é o meio. Não se pode perder o foco na qualidade e relevância da informação".

* Richardt Rocha Feller, Diretor executivo da Minha Biblioteca (plataforma brasileira de livros digitais formada por um consórcio de editoras), jornalista, relações públicas e especialista em Dinâmica da Informação.

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LITERATURA: MAIOR PREOCUPAÇÃO É A FLEXIBILIZAÇÃO DO DIREITO AUTORAL

RIO - O mercado editorial torce para que Marta Suplicy dê continuidade ao trabalho de Ana de Hollanda com relação aos direitos autorais. — Se a Ana não tivesse pedido revisão (do projeto proposto por Gil e Juca Ferreira), a lei já teria sido aprovada, e a difusão e a produção intelectual teriam sido dizimadas neste país. Não se pode ser tão flexível quanto estava sendo proposto. Espero que a Marta consiga visualizar isso — diz Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro, que afirma estar “bem otimista”. — Estive com Marta Suplicy na posse e ela disse: “Livro muito me interessa.”

— A expectativa é que Marta tenha a tranquilidade de ouvir os envolvidos e não siga no caminho de flexibilização, totalmente contrário aos interesses do setor — concorda Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que, no entanto, mostra preocupação com a Feira de Frankfurt, em 2013, quando o Brasil será o país homenageado. — Há uma comissão organizadora que vem trabalhando nisso. Tenho medo de retrocesso. Se trocar os envolvidos, tudo volta à estaca zero.

Diretora da Estação das Letras, a educadora e produtora cultural Suzana Vargas diz:

— Nos últimos anos, muito tem sido feito em prol da cadeia produtiva do livro. Distribuição em escolas com programas de compras governamentais eficientes e ótimas seleções, bibliotecas abrindo, feiras e salões do livro pipocando. Programas de incentivo à criação literária e a desoneração fiscal são ações que só podem ajudar o livro a chegar mais facilmente ao leitor. Talvez seja hora de pensar na capacitação dos professores e numa real preocupação com a qualidade da leitura que está sendo feita.

Karine Pansa diz que 75% dos brasileiros nunca entraram numa biblioteca:

— Acham que é lugar de estudo, de silêncio. Mas as bibiotecas não podem ser só lugar de pegar livro emprestado, têm que estar mais bem aparelhadas e com acervos novos, com horários flexíveis, contação de histórias, grupos de discussão, teatro. Temos que proporcionar o acesso mais barato, mais fácil e mais interativo ao livro.

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PESQUISA MOSTRA QUE ESTAGIÁRIOS PERDEM VAGAS EM EMPRESAS POR FALTA DE LEITURA

Baixo aproveitamento em língua portuguesa é um dos motivos que mais reprovam candidatos. Pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios, feita em todo o país, com cerca de sete mil pessoas, entre 16 e 24 anos, apresentou a seguinte pergunta: "Qual o motivo de os jovens se saírem cada vez pior nos testes de língua portuguesa?". Para 70% dos entrevistados, o problema está na falta de leitura.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

DIGA ADEUS AO BLOQUINHO DE NOTAS



Cerca de 80 mil estabelecimentos – quase um terço das empresas do estado – adotaram os documentos digitais nas transações com outras pessoas jurídicas e com o governo

Cerca de um terço dos 286 mil contribuintes pessoa jurídica do Paraná está usando a Nota Fiscal Eletrônica, apelidada de NF-e. São empresas que deixaram aquela nota de papel, em até cinco vias, para trás nas transações com outras empresas, o poder público ou mesmo com um cliente de outro estado ou país – a emissão de empresas para o consumidor final ainda engatinha. Além da economia de papel e da agilidade – quando a velocidade da internet ajuda, é claro –, a nota fiscal eletrônica é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade para empresas de todos os portes entrarem na era digital.

“Para nós, que lidamos com vários clientes, de todos os tamanhos, é um ganho importante. Todas aquelas informações que eram mantidas em papel, nos livros contábeis, agora estão disponíveis on-line, em planilhas já organizadas, evitando erros e retrabalhos”, explica a presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC-PR), Lucélia Lecheta, que também comanda um escritório de contabilidade em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. A opinião de Lucélia é compartilhada pelo colega Marcos Sebastião Rigoni de Mello, que tem um escritório contábil na capital. “É claro que os desafios com a extensa legislação tributária do Brasil continuam, mas o acesso e a organização das informações estão muito melhores.”
O sócio-gerente da fabricantes de chás e produtos naturais Mandiervas, Luis Adriano Franco, implantou a nota eletrônica ainda em 2010. “No início foi um pouco difícil, até você entender o sistema, saber exatamente como preencher o formulário. O tempo de envio e re­cebimento das informações também era um pouco maior. Mas hoje em dia é fácil”. Franco fornece para grandes drogarias e supermercados e conta que o sistema eletrônico ajuda no planejamento do envio da mercadoria e na checagem das informações. “Emito a nota, arquivo no meu sistema e confiro antes de mandar para o meu cliente, confirmando o pedido dele. Antigamente, todo esse processo teria de ser feito pessoalmente.”

Como funciona

A nota eletrônica é um arquivo digital que substitui o documento em papel nas transações entre empresas. Gerada na empresa vendedora, pelo preenchimento de um formulário em um software, a nota eletrônica é transmitida online para a secretaria da fazenda do estado de origem. O sistema, por sua vez, envia uma cópia da nota para o registro nacional e outra cópia para a secretaria da fazenda do estado de destino. O processo, que leva alguns segundos apenas, termina com a empresa recebendo a confirmação de que o documento foi preenchido corretamente e chegou aos órgãos públicos. A única parte em papel que acompanha a mercadoria até o seu destinal final chama-se Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (Danfe). Para aqueles casos em que o receptor da mercadoria não esteja inserido no sistema eletrônico, o Danfe serve, efetivamente, como nota fiscal.

Para estar inserido no sistema da NF-e, o empresário tem de fazer um registro, uma certificação digital. “Isso custa cerca de R$ 150, todo ano. Um pouco caro ao meu ver”, avalia Lucélia. Outra necessidade que nasce com a nota eletrônica é a de melhor capacitação e atualização dos funcionários, mesmo que a empresa seja pequena. “Não vejo isso como um entrave. É mais uma oportunidade da empresa se profissionalizar”, opina o administrador de empresas e autor de cinco livros sobre sistemas de escrituração pública digital, Roberto Dias Duarte.

Sistema sozinho é incapaz de vencer a burocracia brasileira

A opinião é de alguns escritórios de contabilidade e empresas – além de federações industriais e associações comerciais do país que, por várias vezes, já se manifestaram contra a burocracia brasileira. Embora muitos sistemas, a exemplo da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), e regimes, a exemplo do Simples Nacional, tenham sido instituídos para facilitar a vida do empresariado na última década, a quantidade imensa de leis referentes a cada tributo municipal, estadual e federal ainda é o principal desafio do setor produtivo do país. “Recentemente cheguei à conclusão que cada escritório de contabilidade precisa de ao menos um gestor que seja um estudioso, que fique centrado apenas em acompanhar as dezenas de mudanças diárias que ocorrem na legislação tributária das diferentes esferas e possa repassar isso de uma forma clara para o restante da equipe, que trabalha no dia a dia com as questões”, desabafa Marcos Sebastião Rigoni de Mello, vice-presidente de Administração e Finanças do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-PR) e também dono de um escritório de contabilidade em Curitiba. Só o estado do Paraná fez várias dezenas de mudanças nas normas de recolhimento do ICMS desde 2011, com a implantação da substituição tributária em vários produtos, como forma de melhorar a arrecadação do estado. Tantas alterações são difíceis de acompanhar.

Ainda em 2008, quando os primeiros setores (cigarros e combustíveis) começaram a operar a NF-e, a intenção de, com o novo sistema, acelerar também o andamento de uma reforma tributária no país. Mas isso não adiantou muito. “Mesmo dentro do modelo inovador da nota eletrônica, o usuário precisa estar atualizado porque o código do produto ou mesmo a alíquota do impostos incidente muda com frequência e precisa ser preenchida corretamente no formulário”, exemplifica o administrador de empresas e autor de cinco livros sobre o sistema público de escrituração digital, Roberto Dias Duarte. 


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