segunda-feira, 29 de outubro de 2012

EX-ANALFABETA FAZ CAMPANHA PARA AMPLIAR BIBLIOTECA CRIADA POR ELA NICE, COMO É CONHECIDA, ABRIU ESPAÇO EM 2005, COM CERCA DE 800 LIVROS.

HOJE, AS 3 SALAS ACUMULAM QUASE 4,5 MIL PUBLICAÇÕES E 60 VISITANTES DIÁRIOS


Cleonice da Silva era dona de casa e tinha uma filha adolescente. Estava preocupada com a violência na comunidade onde mora, Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro, no Recife. O ano era 2005, quando, por meio de um trabalho com idosos, conheceu a diretora de uma escola mantida pela Universidade de Pernambuco (UPE), que lhe deu uma boa ideia para superar a angústia no peito. Mesmo sem sabe ler ou escrever, Nice, como é conhecida, abriu uma biblioteca comunitária.

 Os livros vieram de doações de professores e alunos da universidade, cerca de 800, no total. O aluguel do espaço era pago com dinheiro que Nice conseguia vendendo doces e salgados. O imóvel foi reformado com ajuda de parceiros que conseguiu junto com a UPE. Sete anos depois, a iniciativa colhe frutos. O local está sempre lotado de crianças, que preferem pegar um livro a ficar de bobeira na rua. Hoje, a luta é para ampliar o espaço. O novo prédio já começou a ser construído, a poucos metros da sede atual, mas falta dinheiro para concluir o sonho.

 Não cabe mais nada na Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares, que ocupa pouco mais de 30 metros quadrados. Nem livros - atualmente, são quase 4,5 mil que lotam estantes e caixas -, nem a garotada, já que o espaço registra uma média de 60 visitas por dia. Kemilly Silva, 8 anos, é frequentadora assídua. Acabou de ler "O Pequeno Polegar" e sabe contar a história todinha. "Minha mãe diz que eu estou ficando mais esperta agora", orgulha-se.

Leitura x violência

O local abre nos três turnos, de segunda a sexta-feira. O imóvel tem apenas três salinhas para acomodar tudo e todos, e um banheiro. Não há ar-condicionado. Ninguém paga nada para pegar um livro emprestado. Basta fazer o cadastro e devolver o empréstimo no prazo de uma semana. Quase não há atrasos na entrega. Para pegar outra obra, só estando com a ficha limpa.

 Nice também conhece todo mundo na comunidade, mora lá há 40 anos, é capaz de buscar o livro na casa da pessoa se houver atraso. E foi por gostar tanto de Caranguejo Tabaiares que ela resolveu montar a biblioteca. "Aqui, naquela época, morriam três, quatro adolescentes por mês, fora o crack. Me preocupava, isso. Os meninos largavam da escola e iam para rua, não tinham opção. Vinha um traficante e pronto. Agora, muitos passam horas aqui, e a violência diminuiu muito", acredita.

 Nice tem 55 anos e conta que, há cerca de cinco, começou a estudar. "Minha família era pobre, e tive que trabalhar para sustentar minha filha. Às vezes pensava, 'e se alguém pedir para eu ler alguma coisa, eu não vou saber'. Agora, sei ler e escrever. Gosto mais de livros de receita, já que trabalho cozinhando", afirma.

 A biblioteca tem livro de receitas, mas o forte é literatura infantil. É por essas prateleiras que Danrley Silva, 15 anos, busca a próxima leitura. Desde criança frequenta o espaço. Um dos livros de que mais gostou foi "O Patinho Feio". "[Gostei porque] É uma história humilde, como a minha. Aprendi que não vale julgar ninguém pelas aparências, como já aconteceu comigo, por morar aqui", ensina. "Peter Pan" também está na lista dos favoritos. "É que mostra um mundo diferente do meu, cheio de aventuras", explica.

Voluntários

Nove pessoas trabalham na biblioteca. Eles dividem cinco bolsas de incentivo. Nem vale a pena dizer quanto fica para cada um. O que vale mesmo é o amor que têm pelo trabalho. É por isso que Mayara Silva, 19 anos, está lá, todos os dias, fazendo de tudo um pouco, há quatro anos. "Adoro contar histórias para as crianças, e tem umas que realmente cativam a gente. Sabemos que em casa apanham, sofrem violência, mas vêm aqui se divertir", comenta.

 Mayara adora ler Pedro Bandeira. O livro "A Marca de Uma Lágrima" é o predileto dela. A jovem faz cursinho pré-vestibular, quer tentar uma vaga em Biblioteconomia ou Design Gráfico. Imaginem o por quê? "É que aqui eu organizo o acervo e também mantenho o blog da biblioteca", conta, aos risos.

 A estudante de Pedagogia Jully Almeida também trabalha no local e desenvolve um projeto bem bacana: um intercâmbio com a biblioteca de Rua de Nantes, em Paris. "Os franceses mandam livros para cá e o meninos daqui produzem material para eles. É muito legal. Adoro contar histórias em francês para eles. Já produzimos até uma peça", disse.

 Para isso, Jully está aprendendo a língua estrangeira e aproveita para ensinar às crianças, como Kaylane Milet, 9 anos. "Já sei contar números, perguntar 'comment tu t'appelles?' [como você se chama?], falar bonjour [bom dia], várias coisas. Às vezes me 'amostro' um pouqinho, mas só para meus pais", entrega Kaylane.
Lentidão nas obras

 O novo espaço para a Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares já tem terreno e as obras começaram, mas se arrastam com dificuldades ao longo de mais de um ano. Faltam materiais de construção e dinheiro para custear a mão de obra, valor estimado em R$ 200 mil. O imóvel está sendo construído junto com o Clube dos Idosos Unidos Venceremos, que pertence à mesma comunidade e também vai usar o espaço para as suas atividades.

 Para doar materiais de construção, é possível em contato com a empresa M5 Contabilidade e Consultoria Empresarial, que funciona no mesmo bairro, e resolveu organizar uma campanha que segue até dezembro de 2012. O telefone é (81) 3231-4708.

 Doações em dinheiro podem ser realizadas com depósito na conta poupança do Clube de Idosos Unidos Venceremos: Banco do Brasil, agência 1833-3, Conta-poupança 24.332-9, variação 51. Outras informações estão disponíveis no blog da biblioteca.

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DEMITIDO TERÁ CONTRATO DE RESCISÃO MAIS DETALHADO A PARTIR DE NOVEMBRO

Para poder receber o seguro-desemprego e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, os trabalhadores que forem demitidos de uma empresa, a partir de 1º de novembro, terão que assinar um novo Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT. O documento, bem mais detalhado, terá um campo específico até para as gorjetas, caso tenham sido recebidas, e para as férias vencidas e proporcionais, por período de aquisição. 

De acordo com a advogada trabalhista da IOB Folhamatic, Ydileuse Martins, as empresas deverão ainda adotar dois formulários: o Termo de Quitação e o Termo de Homologação. "O Termo de Quitação deverá ser utilizado em conjunto com o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, que será válido quando o empregado tiver menos que um ano de serviço", diz.

"Por sua vez, o Termo de Homologação será usado para as rescisões de contrato das pessoas que têm mais de um ano de serviço. Nesses casos também é obrigatório a assistência e homologação pelo sindicato profissional da categoria ou pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE".

A advogada alerta que os termos de rescisão de contrato de trabalho elaborados pelas empresas só poderão ser aceitos até o dia 31 de outubro de 2012. Ydileuse explica que os novos TRCTs foram estabelecidos pela Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego nº 1.057/2012, publicada no Diário Oficial da União do dia 9 de julho, e retificada no dia 12 de julho de 2012.

"A medida inseriu um novo código de causa e afastamento no documento, para preenchimento respectivamente nos campos 22 e 27: o ‘NC0, que corresponde à causa do afastamento de rescisão por nulidade do contrato de trabalho, declarada em decisão judicial", relata.

A partir de 1º de novembro, os sindicatos, as Superintendências Regionais do Trabalho e a Caixa Econômica Federal exigirão os novos modelos de TRCT e os Termos de Quitação e Homologação. Para a especialista, "o novo modelo deixa mais claro para o trabalhador o que está sendo pago na rescisão", finaliza Ydileuse Martins.


Fonte: Canal Executivo


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ACERVO SOBRE BRASIL É ABERTO EM UNIVERSIDADE DOS EUA

A Universidade Brown, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, inaugura hoje a sua coleção Brasiliana.

A coleção tem como âncora a biblioteca pessoal do brasilianista Thomas E. Skidmore, 80, doada à universidade em 2006. São 6.000 livros, em português e inglês, dos séculos 19 e 20, em áreas relacionadas a nacionalismo, política, raça, economia e história brasileiros.

Na coleção também há desde literatura de cordel às primeiras críticas literárias ao trabalho de Machado de Assis, além de panfletos da Igreja Positivista do Brasil, livros sobre espiritismo, escravidão e a luta abolicionista.

A Brasiliana é uma iniciativa do professor de História e Estudos Brasileiros James Green, que dirige a coleção.

O lançamento uniu os Centros de Estudos Latino-Americanos e do Caribe e os Departamentos de Estudos brasileiros e portugueses.

Localizada em Providence, a 250 km de Nova York, e fundada em 1764, a Universidade Brown tem uma das maiores coleções de livros de América Latina e Brasil nos Estados Unidos. Sua biblioteca possui 6,8 milhões de livros.

O acervo do brasilianista foi catalogado e organizado pelos alunos nos últimos dois anos e um site será lançado para facilitar o acesso à documentação.


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terça-feira, 23 de outubro de 2012

CAMPANHA QUER ZERAR DÉFICIT DE BIBLIOTECAS NO BRASIL

Imagine se 24 bibliotecas fossem instaladas diariamente no país até os próximos oito anos. O que seria considerado um sonho para as instituições de ensino é, na verdade, a conta que precisaria ser feita para atender à lei 12.244, sancionada há dois anos, que obriga todas as escolas públicas e privadas a implantarem bibliotecas até 2020. Para dar luz ao tema, o Instituto EcoFuturo em parceria com empresas privadas e organizações civis lançou recentemente a campanha Eu Quero Minha Biblioteca. A ideia é sensibilizar os candidatos e prefeitos eleitos pelas eleições municipais e, principalmente, mobilizar a população para exigir a efetividade deste direito.

No ar até 2020, a campanha mantem um portal onde as pessoas podem encontrar informações sobre a lei, detalhes sobre os projetos de lei em tramitação que abordem temas relativos às bibliotecas, audiências públicas agendadas, informações sobre como montar essas bibliotecas, quais escolas já criaram as suas e ainda um mapa, em tempo real, que mostra a adesão da população e de candidatos ao movimento.

Ao aderir à campanha, os participantes passam a ser informados sobre estratégias que podem e devem ser implementadas no âmbito da política pública local. A ideia é articular uma rede ativa de mobilizadores, promovendo o mesmo impacto social do projeto Ficha Limpa (projeto de lei que teve origem na sociedade e que ganhou espaço na câmara legislativa depois de uma mobilização em massa e foi efetivado). Até agora, mais 800 pessoas em 379 municípios de todos os estados do país já apoiaram a campanha, que também conta com a adesão de mais de 20 parlamentares e 74 instituições.

Segundo Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto EcoFuturo e uma das principais idealizadoras da campanha, a implantação das bibliotecas é apenas um dos eixos do grande tema que é a educação para a leitura no Brasil. "Ter o espaço é fundamental mas paralelamente é necessário discutir esse recheio. É preciso assegurar tanto uma arquitetura confortável como profissionais dentro dessas bibliotecas e acervos que conversem com o projeto pedagógico", afirma.

Ainda de acordo com Christine, a preocupação com a leitura no Brasil entrou em pauta há cerca de uma década e vem, pouco a pouco, ganhando uma projeção maior, ainda que não seja tratada de uma forma muito adequada para a efetividade da política pública. "Em muitas regiões, surgem 'jegue-livro', 'carro-livro', 'balsa-livro' ou 'bicicleta-livro' buscando dar conta desse déficit", diz.

Cartilha

Outra ação da campanha é distribuição de uma cartilha que orienta gestores públicos sobre como acessar recursos para implementar e manter bibliotecas. A publicação traz, por meio de uma linguagem bem simplificada, informações relacionadas a espaço e infraestrutura – com livros em braile e audiolivros –, equipe e atendimento. "Descobrimos que os gestores, muitas vezes, desconhecem as políticas existentes e não fazem sinapses dos recursos de educação voltados para as bibliotecas", afirma Christine.

A publicação já foi enviada a governadores, secretários estaduais de educação, parlamentares da comissão de educação, imprensa e organizações que fazem parte da coalizão que organiza a campanha. Em 2013, o material será distribuído a todos os prefeitos e secretários municipais de educação.

Bibliotecas-parque

Um das inspirações da campanha é o modelo realizado pelo país vizinho. Na Colômbia, todas as escolas têm biblioteca e o processo de implementação dessas fez parte de um esforço maior para ampliar a cultura de leitura da população. A proposta integrou um programa nacional de redução da violência, que teve início em Medelín e expandiu para outras cidades como Bogotá (considerada a Capital Mundial do Livro pela Unesco em 2007). " Essas cidades oferecem um serviço público de referência, mantêm uma infraestrutura de qualidade e são vocacionadas para promover leitura em todas as faixas etárias", diz Christine.

No Brasil, um modelo similar, também inspirado na iniciativa colombina, é realizado há dois anos no Rio de Janeiro. A Biblioteca-Parque, considerada a primeira no Brasil, tem 3.300 metros quadrados e beneficia moradores de 16 favelas de Manguinhos, uma das áreas mais pobres da cidade. Ainda no estado, a Biblioteca Pública de Niterói é a segunda biblioteca-parque, reinaugurada em julho deste ano. A próxima a adotar o modelo será a favela da Rocinha.
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