segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DOSSIÊ REVELA PARTICIPAÇÃO CIVIL NO GOLPE MILITAR DE 64



A edição deste mês da revista de História da Biblioteca Nacional traz um especial discutindo a participação civil no golpe contra o presidente eleito João Goulart, em abril de 1964. A publicação reconstrói a memória do período demonstrando como setores da classe média, religiosos, políticos, setores da imprensa, empresariado e militares se uniram em uma ampla campanha para derrubar o governo de Jango, sobretudo em reação contra as reformas de base e à participação das classes populares na política.



O dossiê trata de temas voltados à compreensão da articulação do golpe e de seus momentos iniciais. Não são objeto de discussão as questões relativas a cassações de direitos políticos ou violações de direitos humanos durante o regime. Uma das questões discutidas é a definição de “ditadura militar” para o período, ocultando o registro histórico da participação de empresários, religiosos e imprensa, entre outros setores civis, que atuaram como financiadores, apoiadores ou que foram beneficiários do regime.


A publicação defende o uso da definição “ditadura civil-militar” como forma mais apropriada de denominar o regime. Embora não traga fatos novos, o dossiê tem importância no momento em que se discute a memória recente do país, através da atuação da Comissão Nacional da Verdade.


De acordo com Vivi Fernandes de Lima, editora da revista, o momento é oportuno para a publicação, que contribuirá para o acesso a essa história por diversas pessoas. “Este tema é pedido pelos leitores há anos e acredito que a revista deve contribuir bastante não apenas para a formação de historiadores, mas principalmente para a de estudantes da educação básica”, disse.


A revista trata dos temas de forma pouco comum à cobertura da imprensa tradicional e mostra como essa mesma imprensa atuou ativamente na articulação do golpe e na desestabilização do governo Goulart. E demonstra a participação dos dois principais jornais paulistanos, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, na campanha para derrubada do presidente João Goulart e de legitimação do regime autoritário que se instalou depois, através de sua manchetes e editoriais.


Dentre os temas tratados estão o início do levante militar em Minas Gerais, a negativa de Goulart em atacar os golpistas, a atuação de políticos e ministros na organização do golpe, o apoio de setores da sociedade — como o de parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil através das Marchas da Família com Deus pela Liberdade — e a importância de tratar do tema de forma clara nas escolas de educação básica, por meio dos livros didáticos e outras publicações.


Entre os especialistas que contribuíram na produção estão o professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense Daniel Aarão Reis, o pesquisador Luiz Antonio Dias, o professor Mateus Henrique de Faria Pereira e o professor Jorge Ferreira, biógrafo de João Goulart.

BENTO XVI QUERIA SER BIBLIOTECÁRIO DA IGREJA

CIDADE DO VATICANO, 9 AGO (ANSA) - O papa Bento XVI, antes de se tornar Pontífice, "tinha o sonho" de tornar-se "bibliotecário da Santa Igreja Romana", afirmou hoje o jornal vaticano L'Osservatore Romano. 
   
Atualmente este cargo é ocupado pelo arcebispo francês Jean-Louis Brugues, ex-secretário da Congregação para a Educação Católica. Ele foi promovido ao cargo no último dia 26 de junho. 
   
Brugues afirmou que o Papa deseja, agora, realizar este sonho através dele, "mas não me disse como". 
   
O arcebispo declarou que acredita que existe um vínculo entre este sonho de Bento XVI e sua capacidade para a catequese. 
   
"Quando se observa a riqueza e a potência das catequeses do Papa, não se pode deixar de imaginar que este homem tão inclinado às catequeses, não tenha pensado em um vínculo direto com a Biblioteca", disse ele. (ANSA) 

09/08/2012 14:06

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PASSOS DE PELÉ NO RADAR DOS MILITARES DURANTE A DITADURA

Arquivos da ditadura revelam que o jogador foi investigado, sob suspeita de envolvimento com o PDT, de Leonel Brizola




Documentos do Ministério da Aeronáutica e do Serviço Nacional de Informações (SNI) tornados públicos após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação revelam que o atleta considerado o rei do futebol teve os passos monitorados de 1972 a 1985 pelos militares. Papéis que fazem parte do acervo do Arquivo Nacional registram relatórios de arapongagem feitos sobre os negócios imobiliários de Pelé, a negociação do ídolo para alterar a classificação etária de um filme que estrelou e até mesmo a suposta militância de um de seus funcionários.
Depois de o jogador consagrar-se com o tricampeonato mundial, os militares passaram a temer suposta aproximação de Pelé com o PDT, de Leonel Brizola. No início da década de 1980, eles chegaram à conclusão de que o atleta usaria o prestígio do futebol na vida pública. Informes relatam que ele estava sendo recrutado pelos pedetistas para se candidatar como vice-governador na chapa de Adhemar de Barros, em 1986.
“Após o ingresso de David Lerer, Oswaldo Melantonio e diversos sindicalistas, o PDT estaria pretendendo ‘comprar o passe’ de Edson Arantes do Nascimento – Pelé, para entrar na política através do partido de Brizola. Acreditam os pedetistas que Pelé deverá se candidatar a algum cargo, não sabendo porém se para deputado federal, senador ou para vice de Adhemar de Barros na disputa para o governo do estado”, assinala relatório da Aeronáutica.

Funcionário

Documentos de 1974 mostram que os militares dedicaram dois relatórios para avaliar suposta mensagem subliminar contida na Campanha da Fraternidade do mesmo ano. Com o tema “Onde está o teu irmão?”, os católicos provocaram os militares, pois, à época, a frase foi relacionada às denúncias de opositores do governo de farda que desapareceram. Funcionário de Pelé identificado como Francisco Fornos nos documentos da ditadura foi investigado por supostamente ter usado o mote da Campanha da Fraternidade para protestar.
O irmão do funcionário de Pelé investigado pela ditadura, José Fornos Rodrigues, contou ao Estado de Minas que Francisco (falecido há pouco mais de dois anos) prestou serviços de consultoria ao “Rei” e a outros dois jogadores em 1973 e 1974. Francisco Fornos era despachante aduaneiro no Porto de Santos. “Meu irmão entendia da burocracia e de comércio exterior. Ele ficou só um ano com o Pelé, até que a empresa de que cuidava deu a partida”, lembra .
Segundo Rodrigues, o irmão era um militante petista, católico, defensor da teoria libertária e que nunca participou de qualquer luta armada. “Ele era um idealista e sonhava com um mundo melhor. Não tinha nada a esconder. Ele cuidava do coro da igreja. Nunca se envolveu com grupos armados. Contei que os militares investigaram o Francisco para a minha ex-cunhada (esposa dele), assim que recebi o e-mail do Estado de Minas,e ela deu risada. ‘Meu marido era um santo’, ela falou”, comentou José Fornos.
Cinco anos depois, Pelé voltou a ser alvo de atenção dos militares ao pleitear alteração da restrição etária do filme Os trombadinhas. A Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), órgão ligado à Polícia Federal, entendeu como um ato de desobediência o “lobby” feito por Pelé para transformar a censura 14 anos em livre. Como “lição”, o filme ficou retido por oito meses.

Copa contra militantes

Os militares usaram a Copa do Mundo de 1970 para tentar jogar a população contra os movimentos de esquerda que faziam oposição à ditadura. Documentos do Ministério da Aeronáutica, de 1970, mostram que militares relacionaram o sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, em junho, ao desempenho do Brasil em campo. A intenção era sugerir que o atentado tinha influência no resultado da Seleção Brasileira, comandada à época por Mário Jorge Lobo Zagallo e que garantiu o tricampeonato brasileiro (Na foto, Pelé comemora o primeiro gol do Brasil na decisão do Mundial). Nos relatórios, os militares pontuam que o técnico e o time estavam “alarmados” e que o sequestro realizado no Rio de Janeiro poderia “influir no estado de espírito dos jogadores”, que estavam no México. Em troca da liberdade do embaixador, os militantes exigiam a soltura de 40 presos políticos. A ação foi atribuída à Vanguarda Popular Revolucionária e à Frente de Libertação Nacional.



Fonte: Jornal Diário de Pernambuco - 05.08.2012

sábado, 4 de agosto de 2012

O FAMOSO "ARQUIVO MORTO" NÃO EXISTE



Juan Cacio Peixoto*

O conhecido “Arquivo Morto” não existe, quando uma documentação não é                   necessária ser arquivada, deve ser eliminada, evite guardar a papelada                   desnecessária, portanto, crie o Arquivo Central, com objetivos da guarda, conservação e preservação de documentos, por um motivo Contábil, Fiscal, Legal, Técnico, Administrativo ou Histórico, obedecendo prazos de guarda de acordo com a legislação específica para cada tipo/título ou assunto arquivado.
Elimine os prejuízos de sua empresa, com a falta ou demora na busca de documentos arquivados, somente percebemos a desorganização do Arquivo, quando não encontramos a documentação solicitada pela fiscalização Trabalhista, Fiscal, Previdenciária ou da Receita Federal ou em casos de Aposentadoria de ex-empregados ou Ação Trabalhista, as multas começam a aparecer, antecipe-se, organize-se e lucre com a organização do Arquivo.

O conhecimento dos documentos, produzidos no desempenho das respectivas funções, habilita a uma decisão criteriosa e fundamentada quanto à eliminação, ou à guarda, em caráter temporário ou permanente.
A oportunidade organizar os Arquivos é propícia a que se conheçam realmente os documentos produzidos e acumulados, em decorrência das atribuições e competência dos departamentos.

O conhecimento da rotina dos documentos oferece condições para uma administração racional de papéis, fator de economia e eficiência para a empresa.

Saber como se processa a rotina dos documentos nos departamentos, no desempenho das várias atividades pertinentes às funções que lhe competem, é matéria de alto interesse para a racionalização dos Arquivos.

O Ciclo Vital dos Documentos,  como conseqüência da explosão documental do pós-guerra, passou a levar em conta as diferentes fases por que passam os documentos sob o ponto de vista de sua administração e de seu uso, desde  o momento de sua produção até a sua eliminação ou guarda permanente, dividindo os arquivos em Corrente, Intermediário e Permanente.

O Arquivo Permanente, em empresa privada, conhecido como “Inativo”, por armazenar documentos de guarda temporária e permanente, cuja freqüência de uso é esporádica e que são conservados em razão de seu valor legal, informativo e histórico.

Esse arquivo, normalmente denominado incorretamente de "Arquivo Morto", talvez pelo seu reduzido fluxo de informação ou devido aos objetivos organizacionais se diferenciarem dos arquivos ativos, sempre dinâmicos.

O Arquivo Inativo representa a última rotina constituída pelas diversas normas possíveis de conservação de documentos. Deve, por conseguinte, fornecer a contra-prova da eficiência, de todo o sistema, em geral é levado a subestimar a importância do Arquivo Inativo porque se pensa que, chegados a este ponto, os documentos adquirem valor puramente histórico e perdem todo o valor operativo, devendo apenas esperar que chegue o momento de sua eliminação.

Se isto é verdade em parte não convém esquecer que os documentos inativos também podem ser pedidos uma vez por outra. Em qualquer dos casos é oportuno recordar que a eficiência dos Arquivos Corrente e Intermediário dá existência aos Arquivos Inativos.

Gostaríamos de ressaltar alguns pontos que acreditamos necessários e fundamentais na organização e funcionamento do arquivo.

Neste aspecto, queremos lembrar que é o instrumento principal de controle à ação administrativa de qualquer empresa, isto é, um centro ativo de informações.

O arquivo deve adaptar-se a empresa, obedecendo a um plano racional e tecnicamente orientado.

Arquivos organizados sem orientação técnica se transformam em verdadeiros depósitos de documentos.

O arquivo quando bem organizado transmite ordem, evita repetições desnecessárias de experiências, diminui a duplicidade de trabalho, revela o que está para ser feito, o que já foi feito, os resultados obtidos.

Nossa intenção é alertá-lo no que diz respeito à tarefa de arquivar, principalmente no que se refere ao controle que requer atitude de vigilância e cuidado nos possíveis desvios que, provavelmente, poderão aparecer no decurso da execução do serviço.

Não se esqueça de que o funcionamento eficaz de um arquivo, depende de uma organização adequada.




*Bibliotecário da Acervo Organização e Guarda de Documentos, Especialista em Organização de Arquivos e Consultor Organizacional, para saber mais, acesse o BLOG JUAN PEIXOTO em http://juanpeixoto.acervo.com.br